ESG Começa ERRADO com a Matriz de Materialidade
Quem agrada todo mundo não agrada ninguém. As empresas estão esquecendo de agradar o principal stakeholder para que haja real sustentabilidade em sua existência.
Lenah Sakai | Green Business Post | 18 nov 2024.
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O primeiro stakeholder que a organização precisa considerar é a si mesmo para operar e entregar o valor ao qual foi criada.
As empresas estão priorizando outros stakeholders sobre sua própria governança devido à matriz da materialidade. Estão perdendo o foco de sua operação para agradar clientes, funcionários, investidores, opinião pública e etc.
Como funciona a matriz de materialidade?
A matriz de materialidade é uma ferramenta utilizada por organizações para identificar e priorizar os temas mais relevantes (ou “materiais”) para o negócio e seus stakeholders, no contexto do ESG (ambiental, social e governança).
Temas como: mudanças climáticas, direitos humanos, diversidade e inclusão, ética e compliance, gestão de resíduos, relações com a comunidade, governança corporativa.
Ela é construída com base em uma análise que cruza dois eixos principais:
- a importância dos temas para os stakeholders (como investidores, clientes, comunidades e colaboradores)
- e o impacto desses temas nos resultados da empresa.
O resultado é um gráfico que destaca quais questões devem receber mais atenção estratégica. Temas no topo da matriz são considerados altamente relevantes tanto para os stakeholders quanto para o negócio.
No entanto, essa abordagem muitas vezes prioriza demandas externas, deixando de lado a sustentabilidade da própria organização — um ponto que pode comprometer a capacidade da empresa de implementar práticas ESG de forma consistente e eficaz.
É uma falha estrutural na execução do ESG tradicional. A matriz de materialidade, frequentemente, coloca o foco nas expectativas dos stakeholders externos antes de a empresa olhar para dentro e avaliar sua capacidade real de implementar práticas sustentáveis e entregar valor. Isso pode levar a uma abordagem desequilibrada e insustentável no longo prazo.
O Erro Comum do ESG Tradicional
A matriz de materialidade, ao priorizar imediatamente os stakeholders externos, pode forçar empresas a:
- Adotar práticas ESG apenas para mostrar resultados ou atender pressões de investidores e reguladores, sem que haja uma base sólida interna.
- Iniciar projetos de impacto social ou ambiental sem ter capacidade financeira ou operacional para sustentá-los.
- Ignorar a governança interna como o ponto de partida para qualquer transformação.
Como resultado, os projetos falham, os recursos são desperdiçados e a credibilidade do ESG é comprometida.
Como corrigir isso?
Para um trabalho mais sustentável, é necessário resgatar as origens das organizações. Antes de atender às demandas externas, a organização precisa:
- Sustentar-se internamente — Garantir sua estabilidade financeira, operacional e estratégica.
- Profissionalizar processos e equipes — Criar uma governança sólida, desenvolver capacidades internas e melhorar a eficiência.
- Gerar impacto — Somente após garantir as duas etapas anteriores, a empresa estará pronta para entregar valor e atender de forma sustentável às expectativas dos stakeholders.
Essa é a lógica que dá base às ferramentas da Aware Alliance. Conheça as boas práticas ordenadas estrategicamente para atender esses três passos aqui >>
Observação do autor: alguns podem acreditar que o primeiro stakeholder a ser atendido deve ser o cliente. Vamos deixar esse tópico para um próximo artigo, prometo. Mas já adianto que a resposta é sim e não.