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Se você não entende de negócios, você não vai mudar o mundo

Se você quer mudar o mundo, você tem que entender como ele funciona para então propor mudanças. Para isso, você precisará fazer negócios.

Por Lenah Sakai | Green Business Post | 16 abril 2020 Google News | Youtube | Whatsapp | Correções: 05 fev 2024.

Em nossa comunidade de pessoas interessadas em sustentabilidade, negócios e impactos socioambientais, há discussões infinitas sobre qual a melhor forma de funcionamento da nossa economia. Isso porque esse grupo está repleto de profissionais preocupados com o futuro do planeta e de nossa civilização. 

Porém, dentre tantas teorias e ideias interessantes, me preocupa a efetividade delas na prática. Percebo que existe uma dificuldade de distinção entre o que acontece na teoria do que acontece na realidade, o que é aplicável e o que não funciona. Já viu aquelas leis que são sancionadas e ninguém respeita ou pratica? E não adianta fiscalizar ou punir, pois mesmo assim a população recorre ao ilícito e só piora a situação. Por exemplo, o caso da proibição do cultivo e comercialização da maconha.

Também percebi que existe uma repulsa sobre o tema negócios por parte daqueles que não o compreendem. Então resolvi compartilhar um conhecimento que pode parecer óbvio para os especialistas de negócios, mas totalmente novo para muitos.

Para entender como mudar o mundo, um ponto tem que ficar claro: o mundo é regido por pessoas e são as pessoas que fazem a economia girar. E para modificar a forma como a economia funciona é necessário atuar junto às pessoas. Essa atuação junto à pessoas se chama negócios. 

As trocas

Atuar junto à pessoas nada mais é que fazer trocas com elas. Fazer trocas é fazer negócios. Existe um ganha-ganha. As pessoas trocam algo entre si e ambas saem ganhando o que buscavam. Nós fazemos trocas ao comprar roupas, pagar nossa moradia, contratar serviços, dentre outros. Também podemos não querer trocar se discordamos da oferta ou demanda.

Lembramos que as organizações são feitas de pessoas e as relações organizacionais também são relações de pessoas, que trazem consigo as demandas e necessidades organizacionais, ou seja, de um grupo de pessoas.

Essas relações de troca indicam os desejo e necessidade das pessoas, seja por serviços de saúde, produtos de higiene, produtos domésticos, imóveis. Entender o que as pessoas querem e necessitam faz parte dos negócios e de como a economia funciona.

Se você quer mudar o mundo fazendo com que as pessoas comprem mais produtos e serviços de impacto socioambiental, por exemplo, é necessário descobrir se as pessoas querem e se elas realmente pagarão pelo preço disso. E para isso é necessário fazer pesquisas e a partir dos resultados obtidos criar ações para conseguir atender a demanda das pessoas por produtos e serviços de impacto socioambiental.

Por exemplo, as pesquisas da AKATU e UNILEVER indicaram que as pessoas querem colaborar com o meio ambiente e com questões sociais, mas o preço e confiança na marca é muito importante para a decisão de compra. 

As empresas com e sem fins lucrativos podem disponibilizar seus produtos e serviços com foco nesse público buscando um preço que as pessoas pagam e fazendo um trabalho de transparência quanto aos impactos socioambientais.

Percebeu que é necessário fazer um trabalho de análise das pessoas para poder oferecer produtos e serviços de uma forma que elas aceitem?

Não adianta criar leis para que obriguem as empresas a oferecerem somente produtos e serviços sustentáveis de uma hora para outra e controlar a oferta. Nem as empresas e nem as pessoas estarão preparadas para isso, os preços irão subir abruptamente sem um trabalho bem planejado e com estratégia e os consumidores (as pessoas) irão se revoltar.

Além disso, os governos mudam e a forma de governar também e leis são criadas e desfeitas e não há continuidade. Depender de quem irá governar não é sustentável. É mais interessante atuar de forma a construir um relacionamento com o mercado (pessoas consumidoras) de constante troca, conscientização, educação, transparência, apoio etc.

Depois de todo esse trabalho e cuidado, pouco a pouco (pode levar décadas), tem assuntos e ações que, independente do governo, acaba permanecendo. Sem isso, as proposições se tornam imposições, sem consenso ou acordo e, podem desencadear revoltas por parte da população.

CORREÇÃO: Demos como exemplo a Holanda, que anunciou o fim do comércio de carne animal e meta de se tornar um país vegano até 2030. Afirmamos que não houve manifestação contra isso, mas em 2023 os agricultores holandeses foram os primeiros a se rebelar na Fúria dos Agricultores que vem ocorrendo na Europa de 2023 a 2024. Portanto, é muito provável que o descontentamento já existia. E a principal revindicação são essas políticas favorecendo as mudanças climáticas em detrimento da pecuária e agricultura no geral. Até a data de publicação desta matéria não havia notícias desse posicionamento.

Gostaria de adquirir um conhecimento abrangente sobre negócios? Leia: O Livro dos Negócios.

Veja a seguir os negócios no ativismo.

Os negócios de Greta Thumberg

A ativista Greta Thumberg não surgiu do nada. Existe todo um apoio de empresas, com mentores e assessoria de imprensa para os movimentos estrategicamente planejados desde o Fridays for Future (manifestação inicial de Greta).

A troca do trabalho de ativismo, exposição e defesa de uma causa, por remuneração não é nem errado e nem anti-ético. É uma troca justa e inteligente e as duas partes ganham e apoiam a causa em comum.

[ Lembramos que a ética prevalece somente até onde as informações são verdadeiras e os impactos são realmente positivos. ]

É isso que mais e mais pessoas deveriam fazer. Se organizar, conseguir apoio, fazer um trabalho planejado e estratégico e reduzir a chances de voos de galinha.

Se você quer mudar o mundo e causar grande impactos globais, seja por meio do ativismo ou por meio organizacional, você vai precisar fazer parcerias e trabalho de comunidade e, para isso, muitas trocas com as pessoas. Ninguém é super herói e ninguém muda o mundo sozinho.

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Lenah Sakai

Ex-atleta, green fellow (vegetariana, minimalista), trabalhando duro para tornar as organizações, os maiores impactadores do planeta, mais responsáveis. Formada em administração pela PUC-SP, há +10 anos atua em negócios e sustentabilidade. Fundadora do Green Business Post, co-fundadora da Ignitions Inc., do movimento Cultura Empreendedora, do DIRIAS, 1ª associação de direito digital do Brasil e da ABICANN, 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil. Hoje é gestora de uma rede de 5 milhões de pessoas do ecossistema empreendedor nacional e internacional.

6 thoughts on “Se você não entende de negócios, você não vai mudar o mundo

  • Ótimo artigo, é necessários os poucos ir desmistificando o mundo dos negócios, pois com isso todos ganham.

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    • Lenah Sakai

      Isso espero, quanto mais pessoas forem desenvolvendo suas iniciativas e crescendo, mais pessoas ao redor elas alavancam para crescer junto, sejam parceiros, fornecedores, ONGs etc.

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  • Muito boa análise de como os negócios serão a partir do novo normal que virá da Pandemia!

    Resposta
    • Lenah Sakai

      Que bom que gostou! É uma honra receber elogio de fundador de uma das melhores empresas para trabalhar, grande indicador de consciência social empresarial.

      Resposta
  • Laércio Furtado Ferreira Junior

    Concordo com você, tudo gira em torno das relações de troca entre pessoas . Entender as demandas sociais, necessidades e desejos do público alvo é fundamental para o sucesso de qualquer negócio ou organização. Torço para que mais pessoas, não importe seu papel na sociedade, tenham mais interesse por entender como mundo funciona e como as relações sociais impactam os negócios e o futuro de nossa civilização.

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