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BlackRock voltou atrás no ESG?

Após queda em mais de US$1 trilhão em ativos geridos, Larry Fink, CEO da BlackRock, não quer mais mencionar o termo ESG.

Por: Lenah Sakai | Green Business Post | 04 jul 2023 | Google News | Youtube.

Após anos lembrando investidores a considerar as responsabilidades ambientais, sociais e de governança, Larry Fink, CEO da BlackRock, fala que não quer mais utilizar o termo ESG. Ele acusa a extrema esquerda e direita política de terem se apropriado do tripé em seus discursos e, com isso, prejudicado de alguma forma a conotação para algo negativo. Para ele, o ESG deveria ter o sentido de algo bom e ele mesmo afirma que não irá cessar as pautas ESG, mas parece que ele se cansou dos constantes ataques de ambos os lados políticos.

Quando Fink anunciou em uma de suas cartas aos investidores sobre seu engajamento na redução de emissões de CO2 para contribuir com a redução do aquecimento global, alguns da direita o acusaram de estar alinhado às ‘políticas lacradoras da esquerda para destruir a indústria do petróleo e gás’. Já alguns da esquerda reclamaram que ‘a própria BlackRock não estava realmente contribuindo com as mudanças climáticas só por estar se desfazendo da indústria de petróleo e gás’.

As movimentações do mercado

Estados dos EUA, como Texas e Flórida retiraram investimentos na BlackRock em crítica ao ESG. Só a Flórida retirou US$2 bilhões. O estado de Kentucky elogiou sua concorrente, a Vanguard, por ter se retirado de um consórcio focado na redução de emissões de carbono.

Este ano acionistas propuseram um número record de ações anti-ESG. O número de resoluções anti-ESG aumentaram 400% entre 1º Jan a 31º Maio de 2020 a 2023 (ISS Corporate Solution).

Grupos de investidores questionam e pressionam contra algumas práticas ESG. Em destaque, eles estão rejeitando propostas de acionistas exigindo que as empresas americanas divulguem os riscos que enfrentam agora que as mulheres perderam o direito ao aborto nos EUA. Será que estão rejeitando o esforço de análise de risco nesse tema porque, possivelmente, ele não é essencial para a sobrevivência empresarial?

Parar de falar ‘ESG’ resolve?

Larry Fink está certo no aspecto de grandes tensões políticas sobre o ESG. Diversas empresas estão sendo pressionadas por pautas e com maior intensidade nos últimos anos. Não seria diferente com a BlackRock.

Há aquelas que se posicionam firmemente sobre suas ações e seguem em frente confiantes. A maioria parece querer agradar todo mundo a acabam não agradando ninguém. E uma minoria consegue fazer escolhas vitoriosas, porque não é fácil não.

A BlackRock se juntou à essa maioria, um tanto perdida, que parece que esqueceu como fazer seu trabalho. Seu posicionamento está confundindo os stakeholders. Antes ESG. Agora não mais.

Claramente, Larry Fink está revendo seu posicionamento ESG. É perceptível que ele não está ignorando as movimentações de mercado. É bem provável que suas palavras refletem muito da pressão de seus clientes e parceiros. O total de ativos geridos pela BlackRock caiu de US$10 trilhões em 2021 para US$8,59 trilhões em dezembro de 2022.

A BlackRock poderia estar aberta a opiniões diferentes e manter uma diversidade de investimentos. Não é necessário impor pautas. As pessoas são diversas, elas pensam diferente e querem ter a liberdade de escolha, de testar suas próprias teses. E dessa liberdade, a responsabilidade cai sobre cada indivíduo. Mas como fazem o oposto, impõe pautas, toda a responsabilidade de resultados cai sobre a BlackRock e Larry Fink.

Referências: Yahoo Finance, CNN Brasil, Axios, Bloomberg. Imagem editada da foto de: Julia Nikhinson.

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Lenah Sakai

Ex-atleta, green fellow (vegetariana, minimalista), trabalhando duro para tornar as organizações, os maiores impactadores do planeta, mais responsáveis. Formada em administração pela PUC-SP, há +10 anos atua em negócios e sustentabilidade. Fundadora do Green Business Post, co-fundadora da Ignitions Inc., do movimento Cultura Empreendedora, do DIRIAS, 1ª associação de direito digital do Brasil e da ABICANN, 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil. Hoje é gestora de uma rede de 5 milhões de pessoas do ecossistema empreendedor nacional e internacional.

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