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ENTRE O MEDO E A ESPERANÇA

No final de 2018 pude vivenciar as maiores aflições, decepções e todos os sentimentos de derrota associados à eleição de um presidente que transbordava discursos totalmente contrários aos princípios norteiam minha vida integralmente desde 2014, “vulgarmente” denominados sustentabilidade.

Naquele day after eu e todos meus amigos estivemos circunspectos, deprimidos, pensativos, reflexivos e perplexos com o que o futuro nos sinalizava. Estávamos certos, tudo vem se concretizando dia a dia após cada novo decreto publicado em Diário Oficial, a cada novo tuite irresponsável, nomeação e desonerações, aos quais assistimos, atônitos.

Você pode ler uma reflexão completa e definitiva no artigo definitivo “As crianças tomam conta do mundo” escrito por Eliana Brum para o El País.

Felizmente a grande constante da vida (mudança) traz ares de esperança todos os dias, primeiro porque nós, da sustentabilidade, estamos envoltos em ambientes produtivos, vanguardistas e repletos de pessoas que pensam no todo, no bem comum, no futuro, no melhor. E sobretudo pelas pequenas grandes ações que os inquietos representantes das “futuras gerações” têm empreendido.

Tenho contato recorrente com esta galerinha pós anos 90 e isso tem sido absolutamente energizante e fundamental para minha saúde emocional, intelectual e profissional.

Esta semana o mundo todo se rendeu ao movimento global #FridaysforFuture, empreendido por uma menina de 16 anos e iniciado em 2018 de forma individual e tão determinada que alcançou dimensão global. Até o momento mais de 1,5 milhão de participantes foram contabilizados em mais de 100 países no último dia 15 de março, inclusive aqui no Brasil! Greta Thunberg chegou onde muitos de nós nunca teve a menor pretensão: de Fórum Econômico Mundial à indicação ao Nobel da Paz, com coragem, ousadia e confiança. 

Eu fico aqui pensando, onde é que as empresas, com seus antiquados presidentes, diretores e corpo gestor têm andado que não viram ainda o quanto é preciso mudar e, que “raios” estão esperando? 

E digo isto por todas as minhas experiências com o mundo corporativo, pregressas e recentes.

Existe um coração pulsante que não vai mais aceitar estas práticas antiquadas e destrutivas tão comumente observadas em todos os aspectos organizacionais, tanto é que só vemos crescer o número de startup’s de impacto, empresas B, coletivos e movimentos na direção do mundo que queremos e os que mais me encantam são liderados por jovens, sobretudo por mulheres.

Vale ressaltar que só em minha rede, poderia mencionar inúmeros exemplos, mas vou citar apenas quatro jovens,  que têm esse diferenciado perfil colaborativo, consciente, extremamente profissional e ativista, elas também estão desbravando estes ambientes e inspirado muita gente além de mim.

Por ordem alfabética:

Aline Matulja – @alinematulja – fundadora da Roda Ambiental, consultora em sustentabilidade e educadora ambiental, criativa e fazedora, produz vídeos impagáveis de conteúdo educativo.

Gabriela Machado Andre – www.roupartilhei.com.br– jornalista focada no segmento da moda.

Lenah Sakai – www.greenbusinesspost.com – ambiciosa e corajosa empreendedora deste canal de desenvolvimento sustentável entre outros empreendimentos.

Petrina Santos – www.ageeo.org– empreendedora, gestora ambiental e profissional reconhecida internacionalmente por atuação em advocacy.

Mas há outras manifestações, muitas vezes mais discreta como os estudantes oriundos de regiões vulneráveis que conheci nas diversas turmas de aprendizes da Vocação, ONG com a qual colaborei. E todos os voluntários que têm revolucionado a atuação da ABRAPS – Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável.

O que eu quero compartilhar aqui é que a esperança pode ser bebida diariamente ao se aproximar destas sementes frutíferas da novíssima geração, eles nos ensinam como se lançar sem medo aos sonhos, empreendendo e aprendendo com os erros, sem convenções e modelos pré-estabelecidos, barreiras e paradigmas.

Acredito de forma muito otimista que isto também tem a ver com o empoderamento feminino, com a conscientização cada vez maior e mais necessária de que nós também podemos estar nestes espaços de inovação, liderança e em quaisquer outros que tivermos vontade de estar, esse movimento tem muito das conquistas feministas.

Tem um mundo novo pulsando que bombeia energia para a galera que está antenada nestas influências positivas e, cá entre nós, a grande maioria das empresas caminha alheia a tudo isso para um abismo profundo do velho modelo de existir e isso vai muito além do que eles acham que estão fazendo.

Imagens: Revista Galileu, People.

*As opiniões veiculadas nos artigos de colunistas e membros não refletem necessariamente a opinião do GREEN BUSINESS POST.

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Daniela Delfini

Descobri meu propósito em 2007, quando fui convidada para inaugurar uma agência muito especial, no Banco Real ABN AMRO. Foi a 1ª a receber a certificação LEED no Brasil e um laboratório para todas as metodologias inclusivas e cooperativas que fizeram da equipe campeã em performance por 2 anos sucessivos. Em 2013 participei da equipe da PUPA, uma startup de impacto social focada em 1ª infância e apoiada pela UNDP. A partir de 2014 me tornei consultora associada para projetos de sustentabilidade e desde 2016 crio conteúdo para engajar e conscientizar mais pessoas em sustentabilidade, via mídias sociais.

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