Como enfrentar qualquer adversidade

A pandemia pegou, praticamente, todo mundo de surpresa. Tivemos que aprender a nos adaptar frente às mudanças. Muitos líderes organizacionais agiram na emoção e outros ficaram perdidos, sem saber o que fazer. Vamos evitar isso na próxima adversidade?

*Por: Lenah Sakai | 02 julho 2020 | Collaborative Progress Licenseª >> Ouça o audiocast: Google, Spotify, Youtube

Adversidade é uma situação desfavorável. Para organizações, elas podem surgir na forma de greves, multas, acidentes, desastres naturais, pandemias, crises de mercado, erros, roubos etc. As entidades buscam sempre evitar as adversidades, mas sabemos que ela faz parte da vida e uma hora ou outra iremos enfrentá-la e devemos saber lidar com ela e resolvê-la da melhor forma possível. >> Se aprofunde no livro: A Lógica do Cisne Negro

Pensando nisso e observando as diversas formas como os líderes agiram em meio à pandemia, lembrei de alguns aprendizados que carrego comigo e gostaria de compartilhá-los, com o objetivo de fornecer uma forma de encarar o desafio de qualquer adversidade.

Diminua o medo da adversidade

Geralmente, a adversidade nos tira de nossa zona de conforto e isso pode prejudicar a nossa capacidade de enfrentá-la. Muitas pessoas podem perder a calma, deixar emoções tomarem o controle de seus pensamentos, algumas se paralisam e outras tomam decisões mal pensadas. Isso me fez lembrar da situação que mais apavora o ser humano: falar em público.

Uma dica que aprendi para diminuir o nervosismo e o medo de falar em público é já saber de antemão o passo a passo de falar em público. Por exemplo: ao iniciar a fala, geralmente, você agradece a oportunidade, agradece os presentes, contextualiza sua fala e inicia seu conteúdo. Para enfrentar a adversidade é o mesmo que ocorre. Existe uma forma de agir que pode ser adotada para evitar de se perder nas emoções, na ansiedade e estresse, e essa forma é uma sugestão que trago baseada nos princípios de negócios sustentáveis. 

Pré-requisito: desapego

Antes de adotar a sugestão, existe um pré-requisito necessário, que impacta a forma de pensar e agir de muitos empresários e empreendedores, e que, também, está ligado à sustentabilidade nos negócios: não trate seu negócio como filho. Desapegue-se de sua empresa. 

Essa forma de tratar a organização é bem comum e surge pelo afeto que se cria ao longo dos anos de concretização de ideias. Existe o suor do tempo e energia de dedicação, o empenho frente às dificuldades e os sacrifícios que querem ser compensados. 

Mas muito do apego pelo negócio se deve ao fato de as pessoas, sejam líderes, gestores, sócios investidores, fundadores, terem somente um único negócio investido. Colocaram todos os esforços, dinheiro e tempo em apenas uma cesta e, consequentemente, aquela cesta se torna superprotegida.

Dilua seus investimentos, faça investimentos em outros setores e outros mercados. Busque saber sobre investimentos em bolsas de valores, em títulos do governo, descubra seu perfil como investidor e dilua o risco de perder seu patrimônio. Envolva-se em outros negócios. 

A internacionalização de negócios também é uma boa forma de reduzir o risco sobre investimentos. Atuar em outros mercados diminui a dependência da situação econômica de um único país.

Enfim, mencionei o desapego, pois os negócios podem e muitas vezes devem ser encerrados. Já a vida das pessoas, já a vida de um filho não funciona dessa forma. Então, dissocie negócios de filhos.

Pronto, após conseguir desapegar de seu negócio, você estará preparado para adotar a sugestão, a seguir. 

Ação imediata: priorize vidas 

Quando a adversidade surgir, descubra quais são as vidas envolvidas a ela e priorize essas vidas de imediato. As primeiras medidas a serem tomadas devem focar na proteção de vidas.

Pensar no que é melhor para as vidas é pensar no negócio, pois são elas que o fazem estar vivo.

Essa forma de ver os negócios têm origem em um conceito dos negócios sustentáveis, que é a Licença Social para operar os negócios. Resumidamente, é cuidar do bom relacionamento com os stakeholders organizacionais, pois são eles que permitem os negócios existirem, provendo materiais, pessoas, ideias, dinheiro, paz etc. São eles os clientes, funcionários, fornecedores, investidores, comunidades locais, parceiros, governos, mídias etc. 

Segundo Rubens Mazzalli, acompanhar as demandas dos stakeholders e atendê-las faz parte de cuidar do valor econômico organizacional. Falhar nesse quesito tem como consequência os passivos intangíveis como má reputação, perda da confiabilidade na marca etc. e podem gerar retorno negativo para acionistas, um importante aliado empresarial, já que são injetores de investimentos de risco e trazem o olhar do futuro.

Então, primeiro e de imediato, as vidas, os stakeholders e, depois, é claro, defina o que pode ser feito para minimizar os danos nos negócios, no operacional. 

Prevenção: fluxo de caixa

Um dos maiores matadores de empresas, segundo o SEBRAE, é o fluxo de caixa mal gerido. O controle financeiro por meio do fluxo de caixa é crucial para se prevenir de adversidades que possam surgir. >> Comece a estudar por esse livro.

Sugerimos às empresas manterem o mínimo do mínimo de 3 meses de caixa para quitar tudo, até rescisão de todos os funcionários a um mínimo ideal de 6 meses de caixa. Os participantes do 146º EJE – Encontro de Jovens Empreendedores acharam muito difícil de atingir essa recomendação, porém, com um caixa nesse nível, gestores organizacionais podem ter tempo de analisar cenários com maior tranquilidade e com certa folga para tomar decisões e agir a tempo de pagar tudo e todos, seja para encerrar as atividades da empresa, seja para criar soluções e adaptar às mudanças.

Precisa de ajuda com o planejamento de sua empresa? Entre em contato conosco na Accurate Advice.

Casos Fogo de Chão e Outback

Por fim, trago os casos que se destacaram durante essa pandemia do COVID-19 para podermos refletir as ideias deste artigo. O Fogo de Chão conseguiu uma repercussão bem negativa nas mídias e a Outback foi elogiada por diversos profissionais.

Selecionei esses dois restaurantes para mostrar as consequências de decisões diferentes em negócios parecidos. Os dois ofereciam experiência de alimentação diferenciada em locais físicos. Com a pandemia, foram obrigados a fechar os estabelecimentos devido à quarentena. 

O Fogo de Chão polemizou ao longo de dias ao anunciar que demitiria quase 700 funcionários e, para piorar, entrou em conflito para pagar as rescisões, causando ainda mais negatividade e desconforto.

Já o Outback anunciou o fechamento de todos os seus restaurantes de forma temporária, mas lançou entregas para pedidos online, com direito a brindes e sugestões de playlist de músicas para manter a conexão do cliente com o estilo do restaurante. 

Percebeu a diferença nos dois casos? A primeira não soube lidar com a situação da pandemia, escandalizou nos noticiários, desconsiderando direitos trabalhistas para quase 700 pessoas e acabou decepcionando funcionários, parceiros e clientes! Foi em direção totalmente oposta à licença social. Talvez houve tomada de decisão na emoção, no desespero, na pressão, sem calma e com um olhar turvo. 

Já a segunda, mesmo sofrendo perdas de funcionários, mostrou que estava disposta a lutar e adaptar-se, entrou para os deliveries, e optou por encantar seus clientes. Parece ação de gestor consciente, com experiência, que não se deixou abater ou levar por emoções e aceitou o desafio da mudança total no modelo de negócios para sobreviver à mudança repentina da pandemia. 

Para enfrentar uma adversidade, você prefere atuar de acordo com qual das duas empresas? 

*As opiniões expressas neste canal são apoiadas pelo Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de ter opiniões sem interferência e de procurar, receber e transmitir informações e ideias de todos os tipos, independentemente das fronteiras."

**As opiniões veiculadas nos artigos de colunistas e membros não refletem necessariamente a opinião do GREEN BUSINESS POST.

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Lenah Sakai

Fundadora e editora do Green Business Post, atua com sustentabilidade empresarial desde 2013. Se tornou vegetaria para combater a banalização da vida e adotou o minimalismo para o consumo consciente e foco em SER e FAZER em detrimento de TER e MANTER. Por considerar a geração de renda o melhor impacto social ao combater a pobreza e a criação de soluções da sociedade para a sociedade o impacto mais eficiente, contribuiu com a fundação do(a): movimento Cultura Empreendedora, holding de startups Ignitions inc., Angel Investors League, DIRIAS - 1ª associação de direito digital do Brasil e ABICANN - 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil.

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Wagner Marcelo
4 anos atrás

Muito bacana o artigo, parabéns pela palestra no EJE e pelo conteúdo gerado e publicado por aqui… 😉

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