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O Ego mata mais que qualquer pandemia

Quando pessoas, principalmente líderes, se centram nelas mesmas e deixam o ego tomar conta, não há pandemia no universo que cause mais mortes.

*Por Lenah Sakai | 06 maio 2020 | Collaborative Progress License >> Ouça o audiocast: Google, Spotify

Confira os bastidores do EGO, principalmente, no ambiente organizacional, no qual os impactos atingem mais pessoas. Esse tema foi levantando por um empreendedor em meio à esse contexto da pandemia. Ele ficou revoltado ao descobrir que existem líderes escolhendo alimentar seu ego ao invés de salvar vidas.

Não citarei nomes e nem entidades. A ideia é colocar a boca no trombone para trazer, de forma resumida, algumas das inúmeras vezes que presenciamos o ego causando estragos e mortes. Tenho certeza que gestores, empreendedores, empresários, profissionais diversos já se depararam com pessoas egocêntricas em ação e se identificarão com os casos que serão compartilhados aqui.

Iniciarei com casos mais simples e, pouco a pouco, vocês poderão perceber o aumento do nível de estrago que o ego causa e os tipos de mortes. O primeiro caso é inacreditável, outro é chocante e não perca o último, pois as mortes revelam verdadeiros psicopatas, mas somente nos bastidores.

Grupos

Vamos começar com um exemplo simple. Quem aqui já participou de grupos? Pode ser grupo no whatsapp, grupo nas redes sociais, até mesmo grupos presenciais. Pode ser de qualquer tema: estudos, pesquisa, notícias, discussão, família, amigos, descontração.

É nítido quando há interação, conteúdos interessantes sendo compartilhados, as pessoas marcam sua presença, seja física ou online. Isso é um grupo vivo.

No entanto, como é incômodo grupos que as pessoas não sabem se postam ou não, não sabem as regras, não há líderes, não há protagonismo ou as pessoas simplemente não colaboram, estão lá somente para absorver ou perdidas mesmo, ou o contrário, há somente postagens de vendas e vendas e é uma zona, e no fim o grupo está repleto de vendedores ambulantes e não há trocas de conhecimento, sinergias, parcerias. Cada um está pensando somente em promover a si e os que queriam colaborar já saíram. Isso é exemplo de um grupo morto.

Um dos grandes motivos de grupos morrerem é o ego.

Em um grupo vivo, a liderança indicou os objetivos, faz a manutenção do foco, cria um ambiente bacana no qual as pessoas se identificaram com a proposta e engaja os indivíduos, deixando as pessoas à vontade em participar, fazer network e encontrar sinergias.

No morto, há falta de liderança ou proposta clara que impede das pessoas enxergarem o que elas ganham ao participarem e o grupo foi criado para alimentar o ego do conhecido “admin” ou “dono do grupo“. Ele o utiliza para falar que possui algo, que é dono de comunidades e não sai nada concreto, nenhum trabalho, parceria etc.

O inacreditável fim do grupo de amigos

Uma experiência pessoal que tive há 2 anos é inacreditável, mas aconteceu realmente: fui adicionada a um grupo no whatsapp, com o objetivo de unir amigos de uma pessoa específica (um ex-colega da faculdade).

Foi essa mesma pessoa que criou. Ela simplesmente criou o grupo, disse que alí estavam seus amigos que não queria perder contato e era isso, fim, e começou a compartilhar assuntos de seu interesse. Sob meu olhar, os conteúdos não faziam sentido para mim, mas eu permaneci observando para ver qual seria a conclusão dessa história.

Pouco a pouco todos foram saindo. Eu até parei de acompanhar as inúmeras saídas, até que um dia encontrei o grupo e descobri que somente eu e o criador estávamos nele.

O que podemos aprender com isso? Mesmo as pessoas sendo suas amigas, você precisa guiá-las a um objetivo em comum, no qual todas ganhem algo, o famoso ganha-ganha, para fazermos parte de um mesmo ambiente.

No caso desse grupo, as pessoas ficaram perdidas e não viram qual o ganho para elas e não faz sentido nenhum frequentar ambientes que te causam incômodo e não há ganho. Na minha visão, o ganho para este grupo em específico poderiam ser risadas, já que era para ser um ambiente amistoso.

Eu, pessoalmente, permaneci no grupo até o fim, porque sabia que iria aprender algo com essa experiência e queria “ver para crer”. E, depois de participar de tantos grupos, esse foi o caso mais extremo que já vi. Acredito que pouquíssimas pessoas já presenciaram algo do tipo.

O dono do grupo matou o próprio grupo, matou a oportunidade de pessoas se conhecerem, encontrarem sinergias e se divertirem. Matou o contato de jovens recém formados que poderia se unir em prol de dificuldades no começo de carreira. O ego matou, talvez, por ingenuidade, mas com certeza por ignorância, ou seja, por ignorar os outros.

Conheça a importância da Inteligência Relacional para desenvolver-se profissionalmente.

O dono do grupo, dono dos contatos

De forma geral, o ego prejudica grupos no qual existe, geralmente, somente um admin (dono do grupo), que por vezes não possui sua própria iniciativa, seja como empresas, projetos, ações, e faz do grupo seu “empreendimento centralizador“.

As regras são dela, é um ambiente autoritário, as vezes repreende sem razão para mostrar quem manda e faz as pessoas perderem a vontade de colaborar, participar, contribuir… Não incentiva, não faz um trabalho sério de comunidade, não cria iniciativas, não engaja. Simplemente, é o dono do grupo.

O ego aqui mata a vontade de colaborar, participar e interagir. Mata oportunidades de negócios! Já viu aquelas pessoas que não te enviam os contatos que você precisa e ela detém? Ela segura o contato, ela precisa fazer a ponte, porque ela quer ser reconhecida por isso ou ela quer ganhar dinheiro sobre qualquer que seja a parceria que surgir etc.

Não faça isso. Colabore sem querer nada em troca. Busque saber quem são as pessoas, se são no mínimo honestas, indica o contato e pronto! Sem frescura! Deixa fluir. Torça para que dê certo e pronto. Fim da história! Ajude o outro a crescer e saiba que o crescimento de um aqui, outro alí, vai fazendo o ecossistema como um todo crescer e atingir outro patamar. Pense grande e pense em prol da comunidade e não do próprio ego!

Indico aqui o discurso de Jack Welch sobre como o líder deveria agir. Jack Welch é considerado por muitos um dos maiores CEOs que já viveu.

Eu, pessoalmente, conheço líderes da forma como ele descreve e eles me inspiram. Presto minhas homenagens a Daniel Gatti, diretor da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC-SP, Pedro Chiamulera, fundador da ClearSale e Wagner Marcelo, fundador da Cultura Empreendedora.

Confira o livro mais completo sobre gestão de Jack Welch, elogiado por Bill Gates e Warren Buffet.

Os chocantes líderes de panelas

Há ainda outro tipo de ego que mata: os líderes de panelas. É um perfil que, na frente do conjunto, de participantes de grupos, se colocam como uma pessoa muito amável, fala coisas maravilhosas, cheias de bondade e amor, um verdadeiro santo, mas no privado, espalha injúria, fala mal das pessoas, atribui características maliciosamente planejadas para destruir e prejudicar a reputação daqueles que os incomodam.

São líderes de panelas da injúria, que conseguem manipular pessoas com suas histórias tristes, encantadoras, heroicas, sofridas e cheias de ilusões. Convence pessoas a se unir para desprezar e boicotar outros e ao invés de focar na construção, foca na destruição de pessoas, empresas, projetos etc., simplesmente, porque existe um incômodo, as ideias não batem, o brilho não pode ser maior que o seu etc.

Esse perfil é mais difícil das pessoas perceberem, porque elas pegam no emocional, se fazem de fofas, coitadinhas ou prestativas, podendo estar acompanhado de vozes afinadas, delicadas, frágeis ou similares a de criança. São pessoas extremamente manipuladoras, estão o tempo todo atacando seus alvos, modificando o sentido de suas palavras, para fortalecer seus próprios discursos, mas tudo de forma sutil. O ego neles está aí, em serem donos da verdade, querem atenção, trazem consigo muita emoção nas palavras, para conquistar de forma emocional os ingênuos.

Confesso que presenciei perfis desses em, aproximadamente, dez dos mais de cem eventos que organizamos. Em um deles, a pessoa, simplemente, sem vergonha nenhuma, deu a entender de que ninguém sabe nada e ela sabe tudo. Foi tão chocante que alguns participantes não suportaram o clima do ambiente e foram embora em seguida. Acredito que essa pessoa não percebeu o que ocorreu, pois seu foco é demasiadamente em si.

No fim, a maioria dessas pessoas não concretizam nada que perdure. São fundadoras de empresas, ONGs, projetos falidos. Dificilmente irão engajar times a seguir seus passos, pois elas não conseguem se sacrificar pelos outros por muito tempo, por uma causa. É sempre pontual, há muita vaidade e pouca humildade. Ninguém que trabalhe sério irá se dedicar à muito discurso e pouca prática. Palavras até papagaios falam. Quem tem projetos concretizados, empresas empregando e ONGs impactando não tem tempo para ficar chamando a atenção, chorando em público, falar mal dos outros. Os verdadeiros impactadores não focam em destruir e sim em construir iniciativas na prática.

O segredo da mudança é concentrar toda sua energia
não na luta contra o antigo, mas na construção do novo.

Sócrates (aprox. 400 a.C.)

Caso tenha interesse em se aprofundar nesse assunto, seguem vídeos da psicóloga Veruska Ghendov sobre Falsa Acusação, Vítimas de Fofoca, Pessoas boazinhas, Lavagem cerebral e Pessoa dissimulada.

Conheça os 24 princípios de liderança de Jack Welch, que continuam relevantes até os dias atuais.

O psicopata dono da ideia

Por fim, trago o caso mais horripilante que aconteceu em nossa comunidade dentro deste contexto de pandemia.

O CEO de uma de nossas startups trouxe sua indignação em uma de nossas reuniões. Eles criaram um sistema que possibilita a educação para a prevenção e acompanhamento de funcionários seja no ambiente de trabalho seja fora, para identificar rapidamente possíveis contaminados do COVID-19 e não permitir que eles contaminem outras pessoas, seja seus colegas de trabalho ou familiares.

A iniciativa foi criada porque os clientes da startup são indústrias que não podem parar, pois fornecem energia às cidades e diversas populações. Como os funcionários dessas empresas não estão de quarentena, é importante fazer o acompanhamento e prevenção de saúde mais de perto, para a segurança do trabalhador e de todas as pessoas à sua volta.

E foi com essa proposta que a startup conseguiu adeptos. Industriais já estão implementando o sistema e protegendo e salvando vidas. Porém, em uma gigantesca empresa, algo inesperado ocorreu. A proposta foi negada. Descobriu-se que um diretor somente aprovaria a tecnologia, se, e somente se, todo o desenho e ideia do sistema fosse dele. Ou seja, é mais importante a ideia ser dele que salvar a vida de todos os funcionários, familiares, e populações em contato com os produtos e serviços da empresa.

O ego, neste caso, está impactando negativamente a vida de milhões de pessoas, e sem ninguém saber. Tudo por causa de uma pessoa que não tem empatia com a vida e sofrimento de outros, ou seja, um psicopata.

Ego não combina com colaboração

via GIPHY

Como vocês viram, o ego mata grupos, parcerias, ambientes, destrói reputação, imagem, inibe a colaboração, o engajamento e pode matar pessoas literalmente. Um dos maiores talentos humanos é criar, solucionar problemas, ajudar outros. Percebe que o ego não combina com todo esse lado bom do ser humano?

Espero que mais e mais pessoas comecem a observar quem está à sua volta e perceber a energia que elas tem, se de colaboração e construção ou se de destruição e morte. Fica a dica para vocês, que querem mudar o mundo com suas iniciativas de impacto positivo!

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Lenah Sakai

Ex-atleta, green fellow (vegetariana, minimalista), trabalhando duro para tornar as organizações, os maiores impactadores do planeta, mais responsáveis. Formada em administração pela PUC-SP, há +10 anos atua em negócios e sustentabilidade. Fundadora do Green Business Post, co-fundadora da Ignitions Inc., do movimento Cultura Empreendedora, do DIRIAS, 1ª associação de direito digital do Brasil e da ABICANN, 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil. Hoje é gestora de uma rede de 5 milhões de pessoas do ecossistema empreendedor nacional e internacional.

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