“Não respeite” os professores
Já se sentiu incomodado por não ter suas opiniões respeitadas por “professores”? Entenda como o respeito aos “professores” de forma cega prejudica a nossa forma de vida.
Por: Lenah Sakai | Green Business Post | 17 ago 2021| Google News | Youtube.
A velha e ultrapassada relação de alunos e “professores”
Já reparou que estão todos acostumados a sempre aceitar tudo o que os “professores” dizem, não emitindo opiniões contrárias, porque o professor é que tem mestrado, doutorado ou leu e estudou mais que você sobre o assunto?
Seja pelo medo do autoritarismo deles ou por eles serem os corretores das provas e terem o poder de julgamento sobre seu desempenho no curso, aceitamos o conteúdo passado pelos “professores” de forma muito passiva, sem questionar muito ou sem estimular nossa própria criatividade e capacidade de fazer conexões com nosso próprio repertório.
Em muitas comunidades é culturalmente mantida uma forma diferenciada de tratar “professores”, colocando-os em degraus mais elevados, em pedestais, como se fossem pessoas superiores às outras e como se o que dizem possuísse mais valor, mais verdades e deva ser aceito sem questionamentos.
No Japão é admirada a cultura do imperador se curvar unicamente para os “professores” do país, para demonstrar a importância dessa categoria de profissionais, mas não se enxergam os prejuízos dessa idolatria. Você sabia que isso prejudica a lógica atual de nossa vida?
Lógica de nosso modo de vida
Cria-se um distanciamento entre “professores” e alunos que prejudica a alimentação da cultura por trás de todo o nosso modo de vida. É a cultura do open innovation (inovação aberta) e collaborative progress (progresso colaborativo), que são responsáveis por todas as grandes inovações de nossa era e que conhecemos como Windows, Google, Apple, Facebook, Uber, e muitos outros.
Você consegue imaginar sua vida sem seu smartphone? Sem filmes e séries do Netflix ou infinitas músicas de fácil acesso do Spotify? Sem memes ou vídeos de animais fofos do Youtube? Sem poder comprar livros pela Amazon ou sem cursos na Udemy?
O ambiente fomentador de empresas responsáveis pelos serviços inovadores que tanto gostamos não é compatível com essa relação antiga dos “professores” e alunos. Ela deve ficar no passado para estimular essas inovações. Se o professor de Larry Page e Sergey Brin não tivesse dado ouvidos e investido muitos dólares em suas ideias megalomaníacas, o Google não teria sido criado! 👀
E isso só foi possível porque o “professor” e os alunos se respeitaram de humano para humano, de igual para igual.
É necessário mais LIBERDADE para as pessoas e toda a sua diversidade colaborarem para a constante evolução de ideias, projetos, ferramentas, conteúdos, setores etc.
Ninguém sabe tudo e ninguém sabe nada. Todo mundo sabe alguma coisa.
Lenah Sakai
Sendo debochada pelo professor
Durante toda a minha infância e adolescência essa foi a forma como aprendia na escola, de forma passiva. Mas já na faculdade, com o acesso à internet mais rápida pelo smartphone e trabalhando junto com empreendedores de startups, passei a questionar e aproveitar muito mais os conteúdos das aulas. Pude contar com diversos professores super abertos ao diálogo, alguns os quais mantenho contato até os dias atuais.
Porém, recentemente há mais de um mês atrás, entrei em choque com um professor de um curso online pago. Ele tentou me calar, apagando minhas mensagens no chat dos estudantes, me tratou com hostilidade, debochou das iniciativas SEM FINS LUCRATIVOS a qual colaboro e tentou me punir em um grupo que nunca teve regras claras.
E tudo isso, porque postei um evento gratuito de uma associação sem fins lucrativos, cujo conteúdo estava relacionado ao curso e ao interesse dos alunos, mas o professor considerou como “propaganda” e apagou.
Sabendo da importância de nossa liberdade para manter o atual modo de vida, não arredei o pé, me mantive no grupo questionando a atitude do professor mesmo após as hostilidades e tentativas de intimidação. Foi quando recebi a ameaça final de ser bloqueada que vi que não teria jeito, o professor não estava disposto a dialogar. Postei uma mensagem de despedida, claro, fazendo uma análise de todo o ocorrido e deixei aquele ambiente retrógrado e desmotivante.
Leia mais: A governança que ninguém ensina, mas salvou o mundo de Hitler
Mais tarde soube de colegas que minha mensagem final foi apagada e que outros colegas também haviam sido calados pelo mesmo professor em outras ocasiões, por meio de mensagens privadas, o que explicou a falta que senti de suas participações no grupo.
Foi essa experiência que me fez ver o que uma simples relação do dia a dia de nossas comunidades ameaça toda a nossa forma de vida, justo no processo de formação de pessoas, que influenciarão se elas serão mais questionadoras e ativas ou mais obedientes e passivas.
Mas a questão não é ficar no embate com os “professores”. Não importa quem está certo ou errado em um assunto, o foco é manter o ambiente livre para essa troca de ideias e conteúdos, para podermos questionar tudo e sempre estar atualizando temas de nossa realidade com nossos valores e problemas atuais.
Os “professores” não devem encarar questionamentos como uma ameaça ao seu conhecimento, porque atualmente, é humanamente impossível acompanhar todas as descobertas e atualizações de mercado.
É mais interessante manter a verdade em aberto, convidar os estudantes a trazerem seu repertório e os “professores”, ao invés de profetizar, deveria utilizar seu conhecimento para guiar a turma para os objetivos de aprendizado do curso. E todos ensinam e aprendem e se mantêm atualizados, um ganha-ganha muito mais rico.
“A marca de um homem educado é a capacidade de entreter um pensamento sem necessariamente aceitá-lo.”
Aristóteles
Nossa forma de vida pode desaparecer
Como é uma minoria muito pequena de “professores” com a visão, abertura, maturidade e equilíbrio emocional para propiciar esse tipo de ambiente livre, a criatividade e inventividade da grande parte de nossas crianças, adolescentes e jovens adultos – O FUTURO DA HUMANIDADE – não é estimulada e depois, no mercado de trabalho, são cobrados por todas essas competências que não tiveram a liberdade de vivenciar.
Como as pessoas vão pensar fora da caixa se a vida toda elas foram impostas a ficar dentro da caixa e não sabem nem como sair dessa caixa para realmente pensar fora da caixa? Não adianta ler infinitos livros de determinado assunto, é a vida prática que possibilita a inovação e não ideias no papel. O papel aceita tudo e qualquer coisa, já encarar a vida é necessário coragem, atitude e enfrentar emoções e desafios práticos.
Então, percebe que a forma como vivemos faz parte da construção das soluções inovadoras que valorizamos?
Por isso é nosso dever como cidadãos prover, estimular e proteger a liberdade de nossa comunidade para estar questionando todas as áreas e profissionais, não importa o nível acadêmico. É desse choque de ideias que surgem novas ideias para resolver os problemas atuais por meio de inovações.
Veja os países com governos totalitários, eles não inovam, apenas copiam soluções existentes em países democráticos. Ao invés de copiar a forma livre de ser, não permite a diversidade, a liberdade de pensamento e nem que sua população decida sobre suas vidas. Você gostaria de fazer parte desse tipo de sociedade?
Não tem problema discordar do artigo, desde que respeite a liberdade de expressão dos autores. Se acredita que devemos ser mais ativos sobre os problemas sociais, ambientais e de governança, compartilhe o artigo e faça como mais de 350 mil pessoas e inscreva-se em nossa newsletter!
Adorei a reflexão, Lenah! 👏🏽👏🏽👏🏽
Parabéns!
Que bom que gostou! 🙂
Gostei da visão fora da caixa, parabéns!