Aprenda com Madam C.J. Walker, a primeira mulher milionária self made dos EUA

Pobre, negra, filha de escravizados, Madam C.J. Walker foi a primeira mulher milionária self made (por conquista própria) dos EUA em plena segregação racial estadunidense #Opinião #Artigo #Inspiração

Por: Lenah Sakai | Green Business Post |27 mar 2020 | Google News | Youtube | Whatsapp.

Atualmente TOP 5 de audiência do Netflix, a minissérie “A Vida e História de Madam C.J. Walker” relata a história verídica de uma mulher pobre, negra, filha de escravizados, lavadeira, sem auto-estima, com os cabelos caindo que conseguiu enfrentar o machismo, a segregação racial e fazer seu empreendimento despontar, criando mais de 10 mil empregos até sua morte. Além de empreendedora, nossa heroína apoiou causas por meio de ativismo e filantropia.

A seguir trago meu olhar e algumas dicas como empreendedora sobre essa história inspiradora.

Auto-estima, sonho grande e ambição

Lavadeira, pobre, negra, com o cabelo caindo, um marido abusivo e sem auto-estima, Walker encontrou uma oportunidade de melhorar de vida ao descobrir um creme capilar que tratou sua perda de cabelo, levantou sua auto-estima e possibilitou um novo casamento. Encantada com o produto e como ele também poderia impactar na vida de outras mulheres, ela passou a disseminar a importância do cuidado com a aparência para as oportunidades de trabalho, crescimento e empoderamento das mulheres. 

Após se colocar como vendedora, Madam C.J. Walker percebeu o poder de sua história e ganhou confiança em seu sonho de tornar o creme um empreendimento milionário.

Madam C.J. Walker
Retrato de Madam C.J. Walker / Wikipedia.

No contexto em que viviam, os estadunidenses tinham como inspiração alguns ícones de revolução da indústria da época, como Henry Ford (revolucionário dos automóveis) e os self made Andrew Carnegie (revolucionário do aço) e John Rockefeller (revolucionário do setor de petróleo). Nossa protagonista alimentou seu sonho grande e ambicioso de crescer tão grande quanto eles e conseguiu se tornar conhecida por revolucionar o setor de beleza para mulheres negras.

Isso nos trás uma reflexão importante: quem são nossas inspirações? Conhece algum no seu país? Nos EJE – Encontro de Jovens Empreendedores do movimento Cultura Empreendedora, buscamos lembrar que é importante conhecer e acompanhar os empreendedores de nosso país, pois quais as chances de encontrarmos com Bill Gates em um café, por exemplo, e aproveitar para fazer um pitch? Os empreendedores de seu país estão mais próximos de você. Fica a dica.

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Sócios, investidores e parceiros

“Se não pode com eles, vença-os.” A primeira pessoa com quem Madam C.J. Walker viu potencial em trabalhar em parceria é com a empreendedora que criou o creme “milagroso”, Addie Monroe. Foi ela que ajudou a ex-lavadeira a tratar de seu cabelo e de sua auto-estima. Madam Walker pediu, suplicou e até vendeu os produtos para impressionar a inventora, mas Addie diminuiu e menosprezou sua colega e recusou a parceria, acreditando que poderia crescer o negócio sozinha, contando somente com sua aparência.

Esse é um pensamento errôneo muito comum do ser humano. Empreendedores não crescem sozinhos. Eles precisam de investidores, sócios que os complementem, um time e, se for possível, o apoio da família e amigos, que podem ser os primeiros investidores-anjo, uma alavanca enorme de apoio financeiro, moral e emocional, principalmente, no início do negócio, período muito vulnerável e arriscado, com grandes chances de insucesso.

Erros

Ao perceber que não conseguiria convencer a criadora do creme a unirem esforços juntas, Walker criou seu próprio creme. Tendo como base o de Addie, fez melhorias e começou a vender o produto, inspirando outras mulheres com a sua própria história. Iniciou-se aí uma competição e rivalidade entre Walker e Monroe, que por um lado é bom para os empreendedores, já que eles nunca conseguem ficar acomodados, mas por outro, traz um grande desgaste mental e emocional aos envolvidos.

Walker errou ao copiar o produto de Addie, pois isso não é legal ou ético. Pode ter sido um ato de desespero para mudar de vida ou obstinação de seu sonho. A raiva da rejeição e humilhação, o cansaço da própria pobreza e a luz da oportunidade podem ter influenciado Madam C.J. Walker a iniciar pelo mal caminho e ela teve sorte disso não destruir seu negócio. Que isso sirva de aprendizado aos jovens empreendedores. Nunca faça da forma errada. Faça o correto e o ético, sem inventar desculpas.

Tirando a marca, um dos ativos mais importantes de um empreendedor é sua reputação. Sem ela, o empreendedor fica com extrema dificuldade em fechar parcerias, negócios ou vendas. Mas, claro, o empreendedor erra, como qualquer ser humano. O ambiente de negócios é cheio de armadilhas e situações novas, principalmente, se há inovação. É praticamente impossível trabalhar nele sem errar. Então, busque mentores e quando errar, assuma o erro e corrija-o.

Desafios, preconceito e machismo

Ao se mudar para Indianápolis, mercado mais promissor para seu negócio, Madam C.J. Walker enfrentou o desafio inicial de qualquer negócio, conseguir clientes. Lá, ninguém a conhecia ou os seus produtos e a inauguração de seu salão de beleza foi um fracasso. Em meio à pressão familiar para conseguir sustento, ela elaborou promoções, descontos e amostra grátis para atrair seu público e deu certo. O salão encheu e os pedidos superaram sua capacidade de produção. Porém, com a produção caseira, a falta de profissionalização e a superprodução, sua cozinha, acidentalmente, incendiou. A partir desse momento, a empreendedora percebeu a necessidade de montar uma fábrica. 

Madam C.J. Walker se deparou com outro grande desafio: conseguir investidores para o crescimento e profissionalização de seu negócio. Encontrando somente um único local para construir sua fábrica, assumiu o risco e deu a entrada com seu próprio dinheiro. Se não conseguisse investidores para completar o resto do valor do projeto, perderia o local e seu próprio investimento.

Todos os investidores eram homens e os que conseguiu trazer para mostrar seu plano eram em maioria negros. Quando percebiam que o negócio era liderado por uma empreendedora mulher, desistiam de qualquer aprofundamento. Desesperada, Walker buscou falar com o homem negro mais rico da comunidade, pensando que se ele fechasse o aporte em sua fábrica, outros viriam em seguida. Infelizmente, o encontro pessoal com ele resultou em uma tentativa de abuso sexual e ela somente escapou, porque carregava uma arma em sua bolsa.

Em sua última tentativa desesperada de fazer um pitch para investidores, ofereceu os serviços de salão de beleza às esposas de homens da associação em prol dos negócios da comunidade de negros e quebrou protocolos ao subir no palco para discursar sobre a importância dos negócios das mulheres negras. Comovendo essas esposas, elas mesmas investiram na construção de sua fábrica.

Mas mesmo com a fábrica funcionando, os negócios crescendo e os planos de expansão dos salões de beleza para todo o país, Madam C.J. Walker precisou enfrentar outro grande desafio: as pressões familiares. Seu marido não aceitava a grande dedicação da empreendedora nos negócios. Ele acreditava que ela deveria se dedicar mais aos afazeres como esposa, como por exemplo, preparar as refeições da casa, e não suportava a ideia da esposa trazer o maior sustento da família. Para ele, esse deveria ser o papel somente do homem. Essas ideias machistas, além da traição dele com outra mulher culminaram no fim do casamento de Madam C. J. Walker.

Esses foram alguns desafios que Madam C. J. Walker enfrentou ao longo de sua jornada empreendedora, e detalhe, mesmo durante períodos de sucesso e crescimento. A lição que podemos tirar de tudo isso é não desistir frente à obstáculos, enfrentar as dificuldades e buscar soluções com criatividade e inteligência. Se em algum momento nossa protagonista tivesse se detido, sua história teria sido muito diferente.

As mulheres modernas também contam com jornadas atribuladas. Cuide de sua saúde com desodorante e hidratante revigorante, que dá energia e frescor ao corpo. Você merece!

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Lenah Sakai

Fundadora e editora do Green Business Post, atua com sustentabilidade empresarial desde 2013. Se tornou vegetaria para combater a banalização da vida e adotou o minimalismo para o consumo consciente e foco em SER e FAZER em detrimento de TER e MANTER. Por considerar a geração de renda o melhor impacto social ao combater a pobreza e a criação de soluções da sociedade para a sociedade o impacto mais eficiente, contribuiu com a fundação do(a): movimento Cultura Empreendedora, holding de startups Ignitions inc., Angel Investors League, DIRIAS - 1ª associação de direito digital do Brasil e ABICANN - 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil.

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