GovernançaNacionalOpiniãoServiços

ESG parece, mas não é o mesmo que sustentabilidade

Os conceitos de sustentabilidade e ESG diferem bastante na forma de divulgação e nas métricas.

Por: Katia Silene O. Maia | 26 jan 2022 | Green Business Post.

Acredito que muitos aqui assistiram a série “Surtadas na Yoga” com Fernanda Youg (saudades), Ana Shophia e Flávia Garrafa, que buscavam a prática da yoga para não surtar.

Eu fico “surtada” ao ver a confusão com os conceitos de sustentabilidade e ESG (Environmental, Social & Governance), que traduzido daria ASG: Ambiental, Social e Governança, como se fosse algo totalmente novo, os conceitos são parecidos, mas não são iguais.

Sem sombra de dúvidas os investimentos ASG estão bombando em Wall Street, segundo matéria divulgada na Uol em 22/12/2021, a emissão de empréstimos e títulos sustentáveis, onde os recursos são destinados a projetos ambientais ou para promover as metas sociais de uma empresa, ultrapassou US$ 1,5 trilhão, sendo US$ 505 bilhões em vendas de títulos verdes.

Para você ter ideia, os fundos negociados em bolsa com a sigla ESG atraíram quase US$ 130 bilhões em 2021, ante US$ 75 bilhões um ano atrás.

Então a pergunta que não quer calar: foi a sustentabilidade empresarial que gerou esse mercado ou foram as ações ESG? Qual é a diferença entre eles? Possuiriam o mesmo significado?

Com certeza seja ESG ou sustentabilidade são necessários em qualquer empresa, mas embora parecidas existem uma diferença na forma de divulgação e na apuração dos dados.

O debate sobre sustentabilidade e o impacto no meio ambiente, na sociedade e nos negócios não é novo. O primeiro conceito de desenvolvimento sustentável apareceu em 1987, produzido no âmbito da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, esse conceito se apoia em três princípios básicos: ambiental, econômico e social.

Já a discussão em torno da justiça ambiental, desigualdade social e emergência climática constitui a agenda para o desenvolvimento sustentável, com os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), um plano de ação que estabelece 17 objetivos a serem cumpridos pelos países-membros até 2030 para atingir o desenvolvimento sustentável.

Para alcançar essas metas o governo deveria legislar de forma rápida para que todos os segmentos pudessem começar a trabalhar para atingir o tão sonhado desenvolvimento sustentável.

SÓ QUE… 

Como isso não aconteceu, as empresas começaram a abraçar a causa reinventando sua forma de fazer negócios e com novas tecnologias, ouvindo as partes interessadas, além dos acionistas, agregando valor à marca, e aos novos produtos e serviços com a visão de sustentabilidade.

Daí nasceu o conceito de sustentabilidade empresarial com uma visão sistêmica onde engloba a preocupação das empresas com justiça social, proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento econômico, mitigando riscos socioambientais, com processos decisórios que levam em conta todos os aspectos envolvidos de forma equilibrada entre social, ambiental e econômico, ou seja o lucro não deve ser o único objetivo da empresa, existem outras fatores que deveriam ser considerados como justiça social e proteção ao meio ambiente.

Alguns termos da sustentabilidade empresarial: direitos humanos, diversidade, inclusão, saúde e segurança, investimento social privado, gestão de resíduos, energia limpa, desenvolvimento de produtos verdes, conservação de água, energia e outros recursos naturais, ecoficiência, tecnologias verdes que levam ao desenvolvimento sustentável.

A sigla ESG surgiu no relatório de 2005 intitulado “who Cares Wins” (ganha quem se importa, tradução livre), resultado de uma iniciativa liderada pela ONU. Na época, 20 instituições financeiras se uniram para desenvolver diretrizes e recomendações sobre como incluir questões ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos e serviços de corretagem de títulos.

Essa sopa de letrinhas é um conjunto específico de critérios ambientais, sociais e de governança para definir um investimento responsável. Esses investimentos possuem métricas especificas, mas não visa resolver questões sociais ou ambientais ou os ODS.

Umas empresas, de forma mais ampla, possuem uma política e uma estratégia de sustentabilidade, de forma transversal, ou seja, todos os setores deverão observar e realizar ações para atingir seu objetivo estratégico voltado para questões de sustentabilidade.

Já ESG são métricas de desempenho e “accountability” para que o investidor tenha oportunidades de investimentos. Esses dados identificam retornos ajustados ao risco, além de relatar e destacar a relevância para oportunidades de ganho financeiro, são novas maneiras de divulgar o seu desempenho, com dados confiáveis e que possam ser comprovados. Não pode ser somente um discurso, precisam de evidências comprobatórias.

Alguns termos de ESG:

E-Environment/meio ambiente: questões climáticas, emissões de gases de efeito estufa e descarbonização;

S-Social: cuidado com as pessoas, incluindo a satisfação do cliente;

G-Governance: conformidade legal (compliance), garantindo transparência, diálogo com os reguladores, liderança, composição de conselhos, integridade, contribuições ou doações políticas.

Desta forma, as empresas buscam mitigar os riscos ESG, para garantir a sustentabilidade dos seus negócios junto ao setor financeiro. Existe, uma confusão de que cada setor da empresa precise necessariamente ter critérios ESG, trata-se de uma visão global da organização, onde esses critérios são distribuídos em vários segmentos, como por exemplo, o social com gestão de pessoas, marketing, unidade de clientes, o ambiental com a logística e a governança com área de estratégia. Os investidores observam o que a empresa está fazendo como organização para migitar os riscos das mudanças climáticas, a transição para uma economia de baixa carbono, compliance, transparência, integridade e o cuidado com as pessoas.

PARA CONCLUIR…

Os conceitos de sustentabilidade e ESG não são iguais e sim integrados, e diferem bastante na forma de divulgação e nas métricas.

As empresas estão se esforçando com estratégias robustas de sustentabilidade, com desempenho ESG com riscos mais baixos, retorno financeiros e economia de baixo carbono, principalmente nas instituições financeiras.

A sustentabilidade está passando de ações voluntárias para mandatórias com essa onda ESG, onde as empresas precisam realmente comprovar o que estão fazendo, com métricas baseadas na ciência e resultados comprovados, ou seja, sabe aquela frase de que algo somente é concretizado quando mexe com o bolso, isso é ESG!!

Afinal sustentabilidade é um bom negócio!

katia o maia

Clique aqui e saiba mais sobre Governança Ambiental com a autora deste artigo em seu livro: AMOR À CRIAÇÃO DIVINA, OS CAMINHOS DA GOVERNANÇA AMBIENTAL.

Autora: Katia Silene O. Maia é gestora, especialista em ESG, professora, PhD em ciências e tecnologias ambientais, sólida experiência em sustentabilidade.

Se acredita que devemos ser mais ativos sobre os problemas sociais, ambientais e econômicos, faça como mais de 350 mil pessoas e inscreva-se gratuitamente em nossa newsletter!

*As opiniões veiculadas nos artigos de colunistas e membros não refletem necessariamente a opinião do GREEN BUSINESS POST.

👍 REPUBLIQUE nosso conteúdo de acordo com a Collaborative Progress Licenseª!

👣 ACOMPANHE nossas redes no Everlink.

🫶 VALORIZE NOSSO TRABALHO:

  • 🔗Ao adquirir produtos por meio de links no site, você estará apoiando o autor/canal sem pagar nada a mais por isso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *