Economia verde no Brasil conta com muitas oportunidades
Durante as discussões sobre Economia Verde – Uma Visão do Brasil 2030, representantes de diversos setores estão seguros do papel da sustentabilidade nos negócios.
*Por Lenah Sakai | 18 janeiro 2019
No final de 2018, em um painel organizado na FIESP sobre Economia Verde no Brasil, repleto de representantes importantes do ecossistema do desenvolvimento sustentável, foram compartilhados conhecimentos e opiniões muito ricas para um panorama geral brasileiro.
Geração dos millennials
Pavan Sukhdev, Presidente do Conselho Mundial da WWF indicou a visão otimista dos vários hubs mundiais. Ele trouxe dados que indicam os resultados positivos dos esforços globais para o meio ambiente e para as pessoas, em especial, as energias renováveis e seu barateamento.
Ele destacou dados sobre os principais consumidores, que é a geração dos millennials. Eles representam 30% da população brasileira e mais da metade da população millennial está presente na Índia, China, EUA, Indonésia e Brasil.
Uma de suas principais características é a maior pré-disposição de consumir produtos sustentáveis. Segundo pesquisa apresentada por Sukhdev, dos 30.000 millennials entrevistados em 30 países, 73% responderam que estão prontos para gastar valores extra em produtos sustentáveis.
Parcerias e meios de implementação
Denise Hills, Presidente da Rede Brasil do Pacto Global, destacou que não existe dilema entre bons resultados e desenvolvimento sustentável. Para ela, o ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU) número 17 que é o de Parcerias e Meio de Implementação é o que fará a diferença na escala da sustentabilidade, já que somente 154 empresas são as principais responsáveis pelo PIB do mundo.
Lembramos que o Pacto Global é uma entidade que trabalha em conjunto com grandes organizações para internalizar os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU na cultura organizacional a partir da adoção de práticas sustentáveis. A visão de Denise está baseada nessa atuação global da entidade.
Preservação e atividade econômica
Marcelo Castelli, presidente da FIBRIA, a maior indústria do setor de papel e celulose do país e referência em sustentabilidade, reforça que o sistema financeiro não investe em empresas que não tenha práticas adequadas comprovadas.
Para ele, ou a sustentabilidade está na estratégia, ou vamos falhar no longo prazo. E o longo prazo está cada vez mais próximo.
“Se toda a emissão de carbono na era industrial desde seu início está contida na floresta, por que não introduzir a floresta na economia?” – questiona Castelli.
Para ele, não existe preservação sem atividade econômica relacionada a isso. E ele ressalta que se você é sustentável, trabalha com responsabilidade social organizacional, mas a partir das 17h, você esquece tudo… Está errado a forma de trabalho e de ser.
Inovação
Já Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, CEO referência no setor de energia, está atendo à inovação. Segundo suas palavras, a concorrência é nova. A competição já não é apenas contra players tradicionais.
Está subentendido que não existe sustentabilidade sem inovação. Com o surgimento de startups, principalmente, as disruptivas, o rumo do mercado muda e todas as grandes empresas devem estar atentas para acompanhar essas mudanças. É o mesmo impacto que ocorreu com os taxistas com a entrada de serviços de motoristas por aplicativo, serviço esse que se tornou bilionário.
Polarização no Brasil
Roberto Waack, presidente da Fundação Renova, chamou a atenção para a polarização do ambiente brasileiro.
Temos a oportunidade de usar nosso solo para grandes impactos positivos para o meio ambiente e social, porém, ainda possuímos muito problema com grilagem, queimadas e desmatamento país a dentro.
Temos uma grande biodiversidade em nossas matas, mas estamos destruindo o cerrado, o pantanal, a mata dos cocais, a floresta amazônica e perdendo a oportunidade de preservar tamanha riqueza.
Ciência e negócios
Fabio Gandour, médico, cientista da computação e pesquisador, responsável pela frase mais chocante do evento, proferida por seu mentor, Stephen Hawkings, defende a ciência como negócio.
Para ele, as inovações tecnológicas ajudarão a resolver problemas que crescem com o aumento da complexidade que surgem com as próprias tecnologias. Com as novas tecnologias de vigilância, a privacidade se tornou mais complexa, com as novas tecnologias da comunicação, as pessoas mudaram sua forma de se comunicar e estão exigindo outras posturas, uma comunicação mais rápida.
Para ele, a metodologia científica lida facilmente com essas complexidades e a ciência entrando no mundo dos negócios, ela poderá financiar mais pesquisas para resolver mais problemas.
Ele enxerga a sustentabilidade no âmbito de substituir átomos por bits, pois segundo ele, o número de átomos é finito, já os bits são recicláveis.
Stephen Hawking
E na visão do falecido cientista, dos mais respeitados da comunidade mundial, Stephen Hawking, nós devemos investir nosso tempo e energia para colonizar outro planeta, pois esse planeta já não é mais viável.
Sendo essa visão verdade ou não, um ponto crucial para o sucesso no desenvolvimento sustentável é disseminarmos a Cultura Sustentável para toda a população mundial. A forma de resolvermos nossos problemas deve ser sustentável.
Sem essa cultura, não adianta povoar Marte se lá também destruirmos tudo pelo caminho.
Greentechs
Fechando o painel, Juliano Seabra, que foi presidente da Endeavor e, atualmente, é head da área de inovação e novos negócios da TOTVS, fala da importância da economia verde estar presente no ecossistema das startups e da valorização e investimentos nas greentechs, que é algo que falta no país.
Para ele, a economia está nas mãos dos empreendedores e devemos trabalhar e impulsionar os empreendedores do país.
Imagem: FIESP.
Bacana seu posto, Lenah. Em Portugal, a EDP é fortíssima e me parece ser comprometida com o tema apenas a nível corporativo, talvez por aqui o foco seja outro. Acho importante salientar que há a discussão, pelo menos a nível acadêmico, sobre onde se situa a economia verde e a economia circular. Há que diga que uma é parte da outra e outros que fizemos que são coisas diferentes.
Que bom que gostou, Danilo!
Seria interessante descobrirmos essa diferença. Acredito que seria interessante deixar claro isso no seu trabalho acadêmico. Ficaria mais completo.