3 princípios de respeito para suas comunidades

Quer evitar brigas, ódios e desgastes nas redes sociais? Quer ter dias mais leves, equilibrados e saudáveis, mas sem ficar de fora dos debates? Então leia o artigo e pratique bons hábitos de respeito para seu crescimento pessoal e profissional.

Por: Lenah Sakai | 29 abril 2022 | Collaborative Progress Licenseª | Adotamos os 3 princípios do respeito

Muitas pessoas evitam participar de debates e discussões nas redes sociais por se sentirem incomodadas com os comentários desequilibrados que podem receber. Dentre esses comentário, discursos de ódio, ameaças e xingamentos. Uma total falta de respeito, não é mesmo?

Pois bem, saiba que você SEMPRE estará sujeito a receber esse tipo de comentário, faz parte da vida e do mundo real. Mas posso prometer que se você conseguir absorver e praticar os 3 princípios de respeito a seguir, você poderá conviver muito melhor com essa realidade.

Isso porque você poderá desenvolver filtros para pensar e agir melhor. Entenda.

1. NINGUÉM SABE TUDO

NINGUÉM SABE TUDO, NINGUÉM SABE NADA, TODO MUNDO SABE ALGUMA COISA.

Esse é o princípio básico que todo professor deveriam praticar e ensinar. No ambiente de ensino e em qualquer democracia, os estudantes e as pessoas no geral devem ser livres para perguntar, questionar e criar conexões com seu próprio repertório.

Tente refutar as afirmações que compões esse primeiro princípio.

NINGUÉM SABE TUDO: alguém sabe tudo nessa vida? Já conversou com uma pessoa que saiba todas as respostas. Sua mãe? Rsrsrs. Nem as mães sabem tudo, por isso elas se preocupam com seu filhos. Se soubessem sobre tudo não haveria motivo de preocupação.

NINGUÉM SABE NADA: alguém consegue não saber sobre nada? Não sabe sobre sua própria vida? Não acumula conhecimento de suas vivências, estudos e experiências? Até recém nascidos já sabem mamar, pois nosso DNA guarda memórias para nossa sobrevivência.

Portanto, TODO MUNDO SABE ALGUMA COISA. Entendeu?

O alívio de não saber tudo

Tanto você como os outros não sabem tudo e não devem ser cobrados de saber. Mas também, ninguém sabe nada, então, devem ser respeitados pelos conhecimentos que possuem.

Sabendo disso de antemão, ao interagir com outros, já podemos ficar mais tranquilos, afinal, não precisamos saber tudo e sabemos que algo nós sabemos. Podemos seguir nossa vida de cabeça erguida, não é crime não saber e é falsa acusação alguém não saber de nada.

Se você quer conviver melhor consigo e com outros em debates e trocas de conhecimento, saiba que você deverá desenvolver sua coragem e sua humildade. Reconhecer que você não sabe algo requer bastante coragem para admitir e humildade para estar aberto a aprender. Você pode adotar as respostas a seguir e fortalecer esse primeiro princípio:

  • “Não conhecia essa forma de pensar. Como você chegou à essa conclusão?”
  • “Não conhecia esse argumento. Obrigada por compartilhar comigo. Vou mastigar a respeito.”
  • “Parece fazer sentido isso que você falou. Quero entender melhor. Poderia detalhar mais a sua lógica?”

O orgulho divide os homens, a humildade une-os.

Henri Lacordaire

2. NÃO EXISTE O ÓBVIO

Esse é interessante. Você e a maioria das pessoas cresceu sabendo que existem coisas “óbvias” que todos deveriam saber, não? Agora responda, por que SEMPRE tem gente que não sabe o óbvio?

Marcando dentista

Comecei a perceber isso ao longo do convívio com profissionais diversos. Cada um acredita que conhecimentos básicos de suas áreas são “óbvias” e todos deveriam saber. Mas vamos a um acontecimento que marcou minha reflexão sobre esse “óbvio”, e isso ocorreu ao marcar uma consulta com o dentista. A secretária atendeu o telefone e me pediu que eu dissesse o procedimento que eu estava buscando. Eu respondi que queria fazer um check-up para ver se estava tudo certo e percebi a irritação na voz dela. Ela queria que eu soubesse o procedimento e falasse qual era, mas ela se acalmou quando eu disse que não sabia, não sou da área.

Para a secretária do consultório odontológico, os procedimentos fazem parte de seu dia a dia, e ela precisa conferir quais serão feitos, para verificar o que está incluso nos planos de saúde dos pacientes etc. Já no meu dia a dia, eu nunca/raramente falo ou leio sobre procedimentos dentários. Para ela, tudo isso é “óbvio” e, por isso, ficou irritada, mas quando ela percebeu que eu não sabia e com razão, afinal, eu não sou dentista, não estudei odontologia, não trabalho em consultório odontológico, ela se acalmou.

Muitos dos “óbvios” de nosso dia a dia fazem parte de nossa própria “bolha” de conhecimento, hábitos e costumes. Mas precisamos lembrar que cada um tem a sua “bolha”. Ou seja, cada um tem o seu “óbvio”, mas o “óbvio” não é coletivo.

Vejamos outro exemplo de conhecimento mais simples:

Não fazer barulho é óbvio, não é?

Não incomodar outros com nossa voz, músicas, nossos ruídos etc. Vish! Isso não é óbvio para muita gente e há aqueles que acreditam que podem emitir sons altos à seu gosto quando e onde quiser. Como isso é uma questão de saúde pública, existem leis, como a do silêncio e regras. Nos ônibus coletivos tem placa para ensinar os passageiros a usarem o fone de ouvido e, recentemente, foi criado um decreto proibindo qualquer amplificação sonora nas faixas de areia das praias da cidade do Rio de Janeiro (Correio Braziliense, 2022).

Para uns, não existe a necessidade de placas ou leis, pois isso é óbvio. Mas para outros, o costume festeiro de seus lares, por exemplo, pode distorcer a realidade, fazendo-os crer na regra do barulho e no seu direito de praticá-la.

Para praticar o NÃO EXISTE O ÓBVIO, você deve invocar pensamentos como:

  • “Calma, não existe o óbvio. A pessoa pode não saber disso. Vamos explicar.”
  • “Hum, porque a pessoa está falando isso? Será que existe um conhecimento ‘óbvio’ para ela e não para mim?”
  • “Opa, será que para mim isso é ‘óbvio’ e para ela não? Qual será o contexto que embasa o que ela falou?”

Se o óbvio existisse, não precisaríamos de leis e regras.

Lenah Sakai

3. PARECE, MAS NÃO É

Esse princípio foi muito útil ao longo de minha vida. Ele evita prejulgamentos, achismos e invenções de nossa imaginação.

O livro infantil

Aprendi a frase aos 4 ou 5 anos de idade com um livro infantil chamado justamente “Parece, mas não é.” Procurei o livro para compartilhar aqui com vocês, mas não encontrei.

No livro, cada página mostrava uma imagem incompleta e sempre dizia “parece um…”, mas quando virava a página, a imagem se completava com a frase “mas não é. É um…” e se descobria o que realmente era. Recentemente, parei para perceber que o ensinamento do livro está presente o tempo todo na nossa vida.

Quantas vezes você já achou que estava acontecendo algo e depois descobriu que não tinha nada relacionado ao que você imaginava?

Qualquer situação pode parecer algo e no fim ser outra coisa totalmente diferente, no entanto, vejo diversas pessoas nem considerando outras possibilidade, já condenando, julgando, fofocando e repassando inverdades. E para piorar, as receptoras da mensagem acreditando também, sem filtrar nada.

Não sou só eu que vejo isso, não é mesmo? A conectividade nos fez perceber a falta desse filtro todo dia nas redes sociais, principalmente, com as fake news.

Questione tudo

A principal dica desse terceiro princípio é nunca achar que tudo o que chega até você é verdade e real logo de cara. A primeira atitude deve ser QUESTIONAR: será verdade? Será que isso está realmente acontecendo? Será que vi certo? Qual o contexto?

Ganhe mais filtros para o PARECE, MAS NÃO É com os exemplos a seguir:

  • “Estão compartilhando notícia ‘Y’. Será é verdade? Deixo checar três mídias tradicionais.”
  • “Estão falando ‘Z’ de tal pessoa. Bacana não alimentar fofocas ou intrigas e fortalecer a assertividade em nossas comunidades.”
  • “Tem alguém me xingando nas redes sociais. Isso é um ataque pessoal? Calma. A pessoa está claramente nervosa e desequilibrada. Ela nem me conhece. Não vou me alimentar desse veneno que não constrói nada de bom. “

“A marca de um homem educado é a capacidade de entreter um pensamento sem necessariamente aceitá-lo.”

Aristóteles

O respeito dos 3 princípios

Quando se quer construir um ambiente de respeito, você precisa saber sobre seus direitos e deveres. Os 3 princípios do respeito mostram aquilo que faz parte da vida e como você pode agir.

Em NINGUÉM SABE TUDO, NINGUÉM SABE NADA, TODO MUNDO SABE ALGUMA COISA, você poderá ganhar mais confiança com o seu conhecimento e ao mesmo tempo não poderá cobrar de outros o impossível de se saber tudo.

Assim como em NÃO EXISTE O ÓBVIO, você poderá ganhar mais paciência quando alguém não souber algo que para você é simples. Afinal, cada um tem a sua bolha e todo mundo possui histórias e contextos de vida diferentes.

Já em PARECE, MAS NÃO É, o princípio funciona como um lembrete para questionarmos tudo e o que é a verdade. Com ele, você aprende a pausar e se afastar da situação para poder ter um relacionamento mais saudável com as informações que chegam.

Esses 3 princípios de respeito fazem a diferença em nossas comunidades e você também pode adotá-los. Basta indicar a adoção com o link para este artigo.

*As opiniões expressas neste canal são apoiadas pelo Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de ter opiniões sem interferência e de procurar, receber e transmitir informações e ideias de todos os tipos, independentemente das fronteiras."

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Lenah Sakai

Fundadora e editora do Green Business Post, atua com sustentabilidade empresarial desde 2013. Se tornou vegetaria para combater a banalização da vida e adotou o minimalismo para o consumo consciente e foco em SER e FAZER em detrimento de TER e MANTER. Por considerar a geração de renda o melhor impacto social ao combater a pobreza e a criação de soluções da sociedade para a sociedade o impacto mais eficiente, contribuiu com a fundação do(a): movimento Cultura Empreendedora, holding de startups Ignitions inc., Angel Investors League, DIRIAS - 1ª associação de direito digital do Brasil e ABICANN - 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil.

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