Tecnologia possibilita aproveitar calor do sol e frio do espaço para gerar energia limpa
Célula termossolar traz possibilidades promissoras para a geração de energia limpa, aquecimento de água e resfriamento de ambientes, sem emissão de gases do efeito estufa.
Foi demonstrado pela primeira um dispositivo único que consegue coletar simultaneamente o calor do Sol e o frio do espaço exterior.
Isto é importante por uma série de fatores, tanto técnicos quanto econômicos e ambientais, simplificando o projeto das usinas, barateando os equipamentos e definindo que a coleta de energia solar e de energia espacial não competirão por áreas de terra para instalação, além de permitir que as duas tecnologias gerem uma sinergia que ajuda ambas a funcionarem de maneira mais eficiente.
A energia renovável favorita no mundo todo tem sido a solar – tanto a fotovoltaica quanto a termossolar. Mas existe outra fonte de energia poderosa à nossa disposição – a fria temperatura do espaço exterior.
“É amplamente reconhecido que o Sol é uma fonte de calor perfeita que a natureza oferece aos seres humanos na Terra. É menos reconhecido que a natureza também oferece aos seres humanos o espaço exterior como um dissipador de calor perfeito,” explicam Zhen Chen e seus colegas das universidades de Stanford (EUA) e do Sudeste da China.
Resfriamento radiativo
Os objetos emitem calor na forma de radiação infravermelha – uma forma de luz invisível ao olho humano.
A maior parte dessa radiação é refletida de volta à Terra por partículas na atmosfera, mas parte dela escapa para o espaço, permitindo que superfícies que emitam radiação suficiente dentro da faixa do infravermelho resfriem-se, com sua temperatura ficando abaixo da temperatura do ambiente.
Essa tecnologia, conhecida como “resfriamento radiativo”, envia grandes quantidades de luz infravermelha para o espaço, fornecendo uma alternativa de ar condicionado que não emite gases do efeito estufa.
Ela também pode ajudar a melhorar a eficiência das células solares porque o calor diminui a capacidade de captura dessas células. O grande desafio vinha sendo fazer as duas tecnologias coexistirem pacificamente no mesmo telhado.
Chen e seus colegas desenvolveram um dispositivo que combina o resfriamento radiativo com a tecnologia de absorção solar.
Essa célula termossolar consiste de um absorvedor solar, fabricado com o semicondutor germânio, em cima de um radiador radiativo, fabricado com nitreto de silício, silício e camadas de alumínio, ambos cercados por um ambiente de vácuo para minimizar a perda de calor.
Tanto o absorvedor solar quanto a atmosfera são transparentes na faixa de infravermelho médio de 8 a 13 micrômetros, oferecendo um canal para a radiação infravermelha do radiador radiativo ser lançada diretamente para o espaço sideral.
Desafios
A equipe demonstrou que sua célula termossolar combinada pode fornecer simultaneamente 24° C em aquecimento solar e 29° C em resfriamento radiativo, com o absorvedor solar melhorando o desempenho do resfriador radiativo ao bloquear o calor do Sol.
“Em um telhado, vislumbramos que uma célula fotovoltaica pode fornecer eletricidade, enquanto o radiador pode resfriar a casa nos dias quentes de verão,” disse Chen, além de resfriar as células fotovoltaicas para que elas operam de forma mais eficiente.
Enquanto isso, o absorvedor solar pode fornecer aquecimento de água ou funcionar como fonte acessória de energia térmica.
Embora essa tecnologia seja promissora, Chen acredita que ainda há muito trabalho a ser feito antes que ela possa ser escalonada para uso comercial.
Embora o vácuo que envolve a célula possa ser dimensionado com relativa facilidade, a janela transparente de infravermelho, feita com seleneto de zinco, ainda é muito cara.
A equipe também está trabalhando em busca de substitutos mais baratos para os demais materiais usados.
Contudo, apesar desses desafios práticos, a equipe acredita que seu dispositivo demonstra que a energia renovável tem ainda mais potencial do que se pensava anteriormente.
Fonte: Ambiente Energia.