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Restaurante dá refeições de graça para crianças com câncer

Quantos restaurantes você conhece que fariam um projeto como esse? Imagino que nenhum. E é de lugares como esse que precisamos mais no dia a dia, não concorda?! Mas de onde surgiu uma ideia como essa? Do proprietário do Restaurante Sophia Osteria, Manoel Almeida. No bairro da Oscar Freire, ele se interessou por ajudar crianças doentes desde o começo quando comprou um cachorro para levar a uma ala especial do Hospital Itaci, Instituto de Tratamento do Câncer Infantil, onde as crianças poderiam se animar e brincar com os peludos. A ideia deu certo por um tempo, porém o cachorro ganhou um certo trauma dos diversos gritos dos pequenos e Manoel teve que desistir do projeto. Mas isso não significou o fim de sua tentativa em ajudar os outros.

Já há algum tempo, o proprietário via diversas crianças do Hospital passando pelo bairro, porém poucas entravam no restaurante para uma refeição. Em um momento, até tinha uma criança que vivia indo lá, encantando a todos, mas ano passado ela acabou falecendo. E foi aí que surgiu a ideia de Manoel. Mais crianças deveriam ir ao restaurante. Mas e a situação financeira delas? Como fazer com que elas entrassem se os pais não tinham uma renda compatível com o preço do estabelecimento?

Simples! Com a ajuda de um amigo, Felipe, ele criou uma plaquinha e começou a colocá-la em frente ao Sophia dizendo que crianças não precisavam pagar. Animado com a possibilidade de fazer o bem, Manoel não conseguiu chamar a atenção que precisava e, mais uma vez, foi procurar ajuda. Vagner Carvalho, o superintendente da Fundação Criança, lhe propôs uma opção.  “A ideia anterior era que as crianças não pagassem e os pais tivessem um desconto e aí ele falou que tem família que às vezes não têm condição e foi aí que a gente criou isso. A criança nunca paga. Quando a família tem condição, a gente dá um voucher de desconto para os pais e, para uma família que não tem condição, eles não pagam’’, revelou Manoel.

restaurante crianças câncer green business post 2Assim, o projeto começou a ganhar forma e desde então tem funcionado assim. Antes de começarem a utilizar o serviço do restaurante, as famílias passam por uma triagem onde Vagner analisa se a criança pode fazer parte do projeto ou não, conforme sua situação financeira. “Nós formamos a parceria, trazendo realmente as famílias que são carentes, famílias que realmente não têm condições financeiras, mas elas são selecionadas pelo ambulatório do hospital”, conta ele. Muitas famílias passam, de fato, um dia inteiro para fazer o tratamento. As crianças que fazem a quimioterapia chegam a ficar de uma a seis horas, além daquelas que precisam receber plaquetas. “Então, para essa pessoa que fica muito tempo no hospital, muitas horas, a gente vai oferecer alimentação. Mas de que maneira? Eles vão pegar um ticket com a gente antecipado, previamente selecionado e aí vem e almoça aqui. Para a criança e o pai. Não mais que isso. Porque hoje o pessoal tem uma ideia que é para todo mundo, mas não é para todo mundo’’, revela Vagner. Segundo ele, é tudo bastante criterioso para que apenas famílias carentes mesmo tenham o benefício.

Assim, não existe família que não esteja agradecida por toda a ação proporcionada por ambas as partes. É o caso de Ana Maria Xavier, mãe de Marcos Aurélio Miranda Filho que teve um linfoma linblasto t no dia 30 de setembro de 2016. “Olha, para dizer a verdade, eu acho que essa pessoa não existe. Para ele fazer o que ele fez, ele tem um coração imenso. O que ele cedeu para essas crianças não tem, assim, coração de mãe não sabe o que dizer para agradecer esse rapaz, uma coisa muito bonita o que ele fez”, conta a mãe. Segundo ela, é tudo muito difícil e as crianças realmente não conseguem comer a comida oferecida no hospital e se enjoam muito fácil. Assim, quando vão ao restaurante é sempre um momento único, porque eles aparentam ter apetite depois de tanto tempo sem mostrar nenhum. “Ele vai pro hospital, ele não consegue tomar o café da manhã no hospital, ele não consegue almoçar nem comer o lanche da tarde. Ele já tem carência em quase tudo para comer, porque tudo que tem leite ele não pode comer. Aqui ele tem a opção de pegar um arroz, um feijão, uma salada. No hospital já vem pronto e se tiver leite, ele não pode comer. É muito difícil”, revela Ana Maria.

Para essa mãe, a vida realmente não tem sido nada fácil. A rotina cansativa é algo que ela já aprendeu a lidar, além de todas as despesas com higiene pessoal, multas de trânsito por conta de rodízio, etc. “Assim, é corrido, é sofrido, o dia a dia da gente é hospital direto. A última internação dele foi de 56 dias. Ele teve uma trombose, ficou internado, passou por cirurgia do coração, então é muito tempo”, contou ela. Para o garoto de nove anos, é realmente muito bom e, sempre que ele chega com fome, na hora do almoço, ele desce e se prepara para a refeição no Sophia.

Segundo Vagner, “As famílias estão muito agradecidas por isso. Uma coisa é a gente poder almoçar em um restaurante desses, um restaurante executivo, na Oscar Freire. Para eles, é uma atração, se tornou uma diversão, é uma coisa assim ‘ah, vamos sair para almoçar num lugar bonito, num lugar chique’. Tem uma coisa encantada no ponto de vista’’, revela. Como superintendente, ele revela que a ideia não é apenas tratar a doença, mas também o amparo à família. “E a Fundação Criança cuida disso, da humanização, da oclusa a mais que o Estado não dá. Cada um faz o seu papel. O Estado hoje ele cuida do remédio, da conta de luz, de água, o custo fixo do hospital e a Fundação Criança entra com o a mais, que é o bem-estar da família”, revela.

De fato, não é só Ana Maria que se mostrou extremamente grata por todo o bem-estar proporcionado. A mãe de Mariana Rocha Avelino, de sete anos, Luana Avelino, se mostrou mais do que agradecida por poder dar uma refeição decente à filha diagnosticada em 2016 com rabdomiosarcoma. A mãe que veio direto do Maranhão para tratar a menina chegou a ver a placa ‘criança não paga’, mas entendia que eles, os pais, teriam que pagar. Assim, nunca entrou no restaurante até entender as reais intenções do estabelecimento. Sabendo do programa, as coisas começaram a mudar. “99% das crianças não conseguem comer a comida do hospital nem da lanchonete que vende lá na frente. Então, para gente, ter uma alternativa assim e sem custo é muito bom, muito bom mesmo”, conta ela.

restaurante crianças câncer green business post 3Assim, agora a menina tem um motivo para se animar durante o almoço. “Hoje ela perguntou se a gente não podia vir, porque a gente vem todo dia praticamente. Aí hoje ela perguntou ‘pode ir lá hoje?’ e eu falei ‘vamos’. A gente também não pode abusar, mas hoje a gente trouxe ela novamente. Eles são ruins pra comer então quando eles pedem pra comer a gente faz o possível para satisfazer, porque a quimioterapia prejudica o paladar deles e eles ficam enjoados”, conta Luana. Felizmente, segundo a mãe, a menina não deixou sua alegria para trás quando soube do diagnóstico. “Criança, desse tamanho, a gente não explica exatamente o que pode acontecer, a gente explica que tá doente, que tem isso, explica o nome da doença, mas eles não sabem o significado. Eles acham ruim, porque saem da vidinha deles, não podem ficar brincando. Ela saiu da cidade dela, de perto do pai, do irmão, mas ela é uma pessoa muito alegre. Então tudo para ela é festa”, revelou.

Parece que a ação realmente trouxe uma qualidade de vida melhor, coisa que essas mães jamais imaginavam que teriam com toda essa rotina maluca que vivem. Segundo Manoel, todos agora querem achar um jeito de ajudar. Uns já ofereceram levar carne para o restaurante, outros disseram que não irão cobrar pela manutenção do ar-condicionado. Pequenas ações como essas podem não parecer, mas fazem bastante diferença no dia a dia. “Ligou uma pessoa aqui que vai combinar de conversar, e ela ta querendo estruturar um programa para que outros restaurantes próximos de outros hospitais, porque tem que estar perto, façam também a mesma coisa”, disse ele. Manoel entende que muitas pessoas dizem coisas como ‘ah, não posso fazer isso’, por diversos motivos e dificuldades, mas se cada um fizer um pouco, o mundo já começa a mudar. E é nisso que Vagner também acredita. “Você ajudar o próximo é muito bom. E aquela coisa: você não muda o mundo, mas se você puder fazer o mundo de alguém melhor vai ser muito bacana. O slogan da Fundação Criança é Sua Doação é o Abraço que Melhora o Mundo e é isso que a gente ta fazendo. Isso que vai contribuir para gente”, conta.

De fato, é como a mãe de Marcos e muitas outras pensam: essa ação vai ser lembrada por Manoel a todo instante. “Ele abriu uma porta imensa. Vai ser uma coisa que essas crianças vão crescer e ele vai tá lá sentadinho na cadeira, velhinho, e elas vão chegar ‘tio, obrigada por tudo o que você fez’. Ele vai ter isso pra receber pro resto da vida dele”, revela. Você não concorda?! Talvez essa ideia possa ser colocada em prática em outros estabelecimentos, não acha? Cada um fazendo um pouquinho e o mundo se torna um lugar melhor.

Por: Beatriz Ponzio.

Fonte e imagens: Razões para acreditar.

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Lenah Sakai

Ex-atleta, green fellow (vegetariana, minimalista), trabalhando duro para tornar as organizações, os maiores impactadores do planeta, mais responsáveis. Formada em administração pela PUC-SP, há +10 anos atua em negócios e sustentabilidade. Fundadora do Green Business Post, co-fundadora da Ignitions Inc., do movimento Cultura Empreendedora, do DIRIAS, 1ª associação de direito digital do Brasil e da ABICANN, 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil. Hoje é gestora de uma rede de 5 milhões de pessoas do ecossistema empreendedor nacional e internacional.