Como a inteligência artificial pode ajudar a criar um futuro mais sustentável

A economia industrial de hoje gera um enorme desperdício. Em 2018, a demanda global por recursos foi 1,7 vezes maior do que a Terra pôde aguentar em um ano. Com o aumento da população e do consumo, precisamos promover uma mudança sem precedentes e por todos os setores da economia; caso contrário, o efeito sobre o planeta será irreversível.

Em vez de manter o padrão atual da economia, que é de “pegar-produzir-desperdiçar”, devemos mudar para um sistema no qual o desperdício seja reduzido drasticamente e em que o crescimento se dissocie dos nossos recursos finitos: ou seja, uma economia circular.

Isso é muito parecido com o que vemos na natureza: uma árvore cresce com a energia do sol e com os nutrientes no solo e, assim que ela morre, também se torna solo para abastecer o crescimento de mais vida. Nesse modelo, tudo que é produzido – desde carros e refrigeradores, até embalagens e roupas – precisam ganhar um novo propósito, renascendo e sendo usados de novo.

No entanto, repensar a nossa economia industrial construída ao longo dos séculos requer novas abordagens e um novo poder tecnológico. De acordo com uma pesquisaque publicamos recentemente, feita com a Ellen MacArthur Foundation e a McKinsey & Company, a Inteligência Artificial (IA) não só pode acelerar essa mudança para um futuro mais sustentável, mas também pode gerar mais valor.

A IA já está ajudando as empresas a rapidamente compreenderem dados e a tomarem decisões complexas. Analisando especificamente duas indústrias – de alimentos e de eletrônicos de consumo – o valor da IA começa a ficar mais claro.

  • Projetar produtos que durem. Precisamos repensar a maneira como projetamos os produtos, para que eles mantenham seu valor por mais tempo, ou então para que possam ser reutilizados. A IA já está levando à descoberta e à produção de novos materiais que ajudam nisso. O projeto Accelerated Metallurgy (“Metalurgia Acelerada”) – conduzido pela Agência Espacial Europeia junto com um grupo de fabricantes, universidades e designers líderes em suas áreas – usou a tecnologia de IA de maneira rápida e eficiente para produzir e testar novas ligas metálicas, que podem substituir produtos químicos danosos e materiais menos duráveis.
  • Otimizar a infraestrutura. Depois que fabricamos produtos, em vez de apenas  consumi-los e jogá-los fora, podemos criar uma melhor infraestrutura, que nos permita usar esse itens mais e mais vezes. Por exemplo, os aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e veículos poderiam ser adquiridos por aluguel e devolvidos para revenda, ou então refabricados para que praticamente nenhum material cru novo precise ser extraído do solo. Isso exige eficiência na reutilização, nos reparos, na refabricação e na reciclagem dos produtos. É aí que a IA pode ajudar, melhorando os processos para a triagem de materiais reciclados e de produtos desmontados.  
  • Maximizar novos modelos de negócios. Da mesma forma, os modelos de negócios precisam mudar, priorizando a eliminação do desperdício. Ou seja, deveríamos dar ênfase aos serviços por assinatura ou de aluguel, em vez de possuirmos produtos. A IA pode ajudar a aumentar o valor desses modelos de negócio combinando dados históricos e em tempo real para nos ajudar a tomar melhores decisões sobre previsão de preços e demanda, manutenção preventiva e gestão inteligente de inventários. A Stuffstr, uma empresa que compra produtos usados de consumidores para vender em mercados de 2ª mão, mostra como a IA pode otimizar oportunidades para eliminar o desperdício. Com um algoritmo de IA, a empresa consegue determinar com rapidez preços competitivos para o vendedor, enquanto ela mesma ganha uma boa margem no mercado de 2ª mão.

Uma economia verdadeiramente circular será aquela da qual todos nós faremos parte. É por isso que, além de continuar analisando maneiras de aplicar a IA em nossos produtos e operações no Google, estamos realizando um concurso chamado Circular Economy 2030 (Economia Circular 2030). Esse evento, que ainda não está aberto para o mercado brasileiro, convida empreendedores sociais de todo o mundo a apresentar propostas de ideias que gerem renda e que usem análise de dados e machine learning para desenvolver uma economia circular.

Enfrentar esses complexos desafios globais requer novos talentos e capacidades em design, negócios, teoria de sistemas e ciência de dados. Juntos podemos reverter esses desafios criados pela atual economia do “pegar-produzir-desperdiçar”, criando um mundo circular feito de abundância.

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Fonte: Think With Google.

*As opiniões expressas neste canal são apoiadas pelo Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de ter opiniões sem interferência e de procurar, receber e transmitir informações e ideias de todos os tipos, independentemente das fronteiras."

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Lenah Sakai

Fundadora e editora do Green Business Post, atua com sustentabilidade empresarial desde 2013. Se tornou vegetaria para combater a banalização da vida e adotou o minimalismo para o consumo consciente e foco em SER e FAZER em detrimento de TER e MANTER. Por considerar a geração de renda o melhor impacto social ao combater a pobreza e a criação de soluções da sociedade para a sociedade o impacto mais eficiente, contribuiu com a fundação do(a): movimento Cultura Empreendedora, holding de startups Ignitions inc., Angel Investors League, DIRIAS - 1ª associação de direito digital do Brasil e ABICANN - 1ª associação das indústrias de cannabis do Brasil.

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