Comunicação não-violenta nas organizações
É comum no meio organizacional situações decorrentes da comunicação não assertiva: setores que competem entre si ou não conseguem trabalhar em equipe, chefes sem habilidade de diálogo com seus liderados e profissionais que se expressam de forma incisiva criando resistências.
A comunicação não-violenta pode colaborar com esses e outros conflitos nas organizações na medida em que propõe uma comunicação sem julgamentos, que valoriza as diferenças e permite maior conexão entre as pessoas. O método pode auxiliar no relacionamento entre equipes, impactando no clima organizacional e, consequentemente, nos melhores resultados.
Origem da Comunicação Não-Violenta
O processo de comunicação não-violenta (CNV), desenvolvido pelo psicólogo Marshall Rosenberg, é fundamentado em se estabelecer relacionamentos de parceria e cooperação nos quais prevaleçam uma comunicação assertiva e com empatia, evitando sentimentos de constrangimento, culpa e humilhação.
Desde a década de 60, Marshall vem realizando pesquisas sobre o tema e já realizou trabalhos de conscientização em diversos países através da aplicação do modelo de CNV em programas de paz na Ruanda, Burundi, Nigéria, Malásia e outros países do Oriente Médio.
No seu livro “Comunicação não-violenta – técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, Marshall apresenta o processo de CNV e propõe a aplicação do modelo em quatro passos: observar os fatos sem julgar, nomear os sentimentos, identificar e expressar necessidades, formular pedidos claros e viáveis.
Na prática
O primeiro passo é observar os fatos de maneira descritiva e sem julgar, evitando generalizações como: “sempre”, “nunca”, “jamais”. Já o segundo passo consiste em nomear os sentimentos e expressar com honestidade o que se sente em relação ao que se observa: raiva, tristeza, medo, irritação. Esse passo auxilia na criação de empatia, pois o outro passa a ter conhecimento do sentimento que provoca quando pratica determinada ação.
Como terceiro passo o autor propõe identificar e expressar quais necessidades provocam os sentimentos relatados no segundo passo. Nesse momento, é importante a autopercepção para se ter clareza do que se precisa e para que o outro tenha a oportunidade de compreender e valorizar isso.
Por fim, o quarto passo, formular pedidos claros e viáveis: pedir que determinadas ações sejam realizadas para atender às necessidades já apresentadas no terceiro passo. A recomendação é que nesse momento seja utilizada uma linguagem positiva, que não se exija um comportamento ou ação do outro, mas sim que se peça. Ao final, é importante certificar se o outro compreendeu a conversa. Por exemplo: “Nas últimas semanas você atrasou entregas e isso tem me deixado inseguro. Preciso que os prazos sejam cumpridos. Você poderia ficar mais atento a isso nos próximos dias?”.
A prática da CNV exige persistência e paciência visto que é necessário reaprender comportamentos e hábitos de comunicação e na forma de conexão com os outros. É preciso aplicar a real empatia e compreender as verdadeiras necessidades de quem nos relacionamos. Em um primeiro momento parece complicado e, às vezes, até impossível visualizar a aplicação do método no meio organizacional. Porém, a tentativa de utilizar os quatro passos pode diminuir os conflitos entre colaboradores, aumentar a conexão entre as pessoas e potencializar equipes de alto desempenho, proporcionando assim um ambiente de trabalho favorável para motivação e busca por resultados.
Fonte adaptada: Folha de Londrina.
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